domingo, 20 de dezembro de 2009

Tema: Água, vida no planeta.

Após uma longa reflexão a senhorita Water estava decidida a sair daquele mundo ingrato, procuraria um local melhor para viver, entendia o drama das donas de casa não valorizadas, sentia-se usada, era prestativa e em todos os momentos, estava lá. Mesmo que jogassem lixo sobre ela, ela continuava lá, quando era preciso, caia dos céus e cobria carinhosamente a todos com sua refrescante calma. Exprimia-se em estreitos corredores para saciar, derramava-se para banhar, escorria gentilmente resultando em um barulho agradável de ouvir. Em sua fúria, revoltava-se em grandes ondas e tempestades, fechava-se. Causava desastres, ora trazia alegria aos que a garganta já arranhava. Habitava alimentos e por vezes harmonizava-se com o Sun e como lindo filho trazia o Rainbow de sete cores vibrantes e coloridas para animar os dias alheios, até mesmo as Pants precisavam dela para sua alimentação natural e nunca fazia nada por si.
Já havia pensado em mudar-se outras vezes, mas desta vez estava certa de que nada mais a faria repensar, nem choro, pedidos desesperados, suas sementes salgadas escorrendo, nem mesmo um pedido de misericórdia, o grito da esperança, nada! Estava decidido, mudaria-se e deixaria de servir àquele povo ingrato.
Juntou suas trouxas doces, salgadas, congeladas, potáveis e até mesmo as extremamente poluídas. Saiu em destino ao próprio espaço, fez uma prece para que a gravidade a levasse para um lugar melhor. Após alguns minutos que vinha saindo começou a ouvir os gritos, desesperados. Podia ouvir em vários idiomas os noticiários clamando por ela, pelo seu inexplicável sumiço. Gigantescas represas não demonstravam mais qualquer sinal de umidade, enormes tempestades, céus negros, em todos os lugares, ela havia simplesmente desaparecido. Muitos se arrependiam de não ter ouvido aos sinais, aos longos dias de calor.
As pessoas gritavam de dor ao sentirem suas peles racharem, ao sentirem a secura que o ar gritava em um inaudível som, já não havia saliva e os olhos custavam a fechar devido ao calor que o Sun queimava pela falta de nuvens. Tinham de ficar todos ali, com os olhos abertos vendo tudo secar. Não, não havia possibilidade de continuar sem a senhorita Water. Sua importância sempre foi evidente, mas como estava sempre presente, não sabiam o que sua falta poderia causar.
Quando as últimas gotas estavam para sair do planeta a senhorita Water ouviu um sussurro, o mais sincero que já ouvira. Vinha de uma reunião, onde a humildade, o pensamento no próximo, a compreensão e até mesmo a mesquinharia, o desperdício e o carpe diem dentre todos os outros imploravam por uma solução. As horas que a senhorita Water levou para sair do planeta foram suficiente para perceber que teriam de repensar e sempre trabalhar juntos, toda a nação, para que tivessem todo seu conforto de volta.
Senhorita Water afetou-se com tal demonstração de companheirismo e resolveu voltar, mas não parava de pensar porque os habitantes daquele lugar precisaram viver a miséria para compreender que o necessário não é aquilo que sentimos falta, mas aquilo que não permite que a falta seja sentida, pois sempre nos apóia, independente do momento.
Cuide de si, cuide da água, todo mundo agradece.




28 de setembro de 2009,
Esta redação foi classificada como a melhor da 3ª categoria do concurso de redação do Diário do Grande ABC 2009.

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