O que eu sinto, o que eu vejo, o que eu falo. Os abraços, os carinhos, o teu olho no meu. Os tropeços, as risadas, as laranjas. As cervejas, os bilhetes, o quintal. O que eu sou, o que eu fui, o que serei. O que nós seremos daquilo que fomos e pelo o que é agora. O vento forte, a coca sem gás, a peça no chão. A aula chata, o ônibus cheio, o carro na contramão. A fala não dita, o pé na esquina, a faixa desbotada. Meu carro na porta, sua mão no portão, meu coração na mão. O que foi verdade?
Verdade se foi, verdade voltou. Verdade eu não quis.
Te mandei embora, pedi pra voltar, chorei no seu colo. O chá já acabou, mas a dor ainda existe. Por que raios tenho vivido tão triste? A paixão acabou, o cavalo morreu, seu cabelo cresceu. Chamei um táxi. O meu preto eu busco amanhã. Não quero trocar nem de marcha. Não quero trocar mais nada. Chega dessas maiúsculas, logo chega o verão e vai-se embora a solidão.
Se sinto saudade? Ora, se não o fosse, seria o que mais? Se a cerveja não acabou, não tem porque chorar. Achegue-se mais, encha seu copo, eu falo mais que demais. O fardo é grande, mas sendo inconstante não se pode carregar menos. Eu abri minha casa, meu livro de histórias e ele ousou ir embora. De resto, um coração partido. Por um, por dois, por trezentos e setenta e quatro num dia só. Tem espaço pra todo mundo, mas não tente me dar nó.
Eu fui embora tantas vezes, voltei mais ainda. De orgulho não vale a pena sofrida. É tão dolorido perder alguém. Mas nunca quis saber mendigar. Perdi por tantas. Depositei o mundo e, no fim, só recebi migalhas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário