O dia deveria ter 48 horas. Na minha idade se quer fazer muitos cursos, se quer curtir, dormir, estudar.
Eu sinto saudades de uma paixão que nunca se concretizou, falta da declaração nunca feita e das palavras nunca ditas. Vivo lembranças do que nunca aconteceu. Minto inconstantemente para mim mesma, me jurando ser verdade que esqueci aquele sentimento.
Agora que tenho tempo, preciso de bem mais. Eu preciso me dedicar muito aos estudos.
Eu estou, deliberadamente revoltada com a vida que vivo. Não se trata de luxo, nem se condições financeiras, trata-se do fim de tudo.
As pessas nascem, não instruídas com aquilo que se deve ou não fazer e após isso estudar quantos anos forem necessários tudo em troca de dinheiro. A trabalher em função de dinheiro a ter o que o dinheiro permite. Aqui ainda as pessoas tem coragem de dizer que somos civilizados. Civilizados uma ova! Mata-se em troca de domínio, de poder, de dinheiro. Tudo sempre em volta da porra do dinheiro.
Depois que as pessoas muito estudam, elas precisam estudar mais... isso para conseguir um bom emprego e enquanto isso trabalham mais horas do que se recomenda para poder viver. Ninguém aqui vive, nasce pra trabalhar e sustentar o luxo dos governantes. Quando já se tem dinheiro suficiente pra ter uma casa e construir uma família, estão ocupados demais para encontrar alguém pra ser feliz, pra amar; o trabalho ocupa todo seu tempo. A maioria não chega nem a conseguir renda para comprar um barraquinho pra morar. Pra depois, muito tempo depois se aposentarem e não ter mais vontade de viver, pra depois não ter mais coragem de enfrentar o mundo. Alguns morrem trabalhando, outros morrem no trabalho, indo ao trabalho, voltando do trabalho...
As pessoas nem se casam mais, é caro demais. Juntar os trapos, os panos de bunda é mais fácil, né? O bolso agradece.
Quando se acha que haverá tempo pra viver, quando sonhos começam a se concretizar a morte aparece e informa que é sua hora de ir... ninguém disse que seria justo.
Que planeta é esse em que vivo, que todos os dias de manhã preciso implorar a Deus que permita que eu volte com saúde e que proteja aqueles que amo? Não vejo civilização alguma nessa desigualdade social em que me encontro. Não vejo segurança nem dentro do meu próprio lar.
Teria como eu dar uma volta pelas Galáxias e nunca voltar a esse inferno chamado Terra?
Não quero mais falar. Passar bem.
10 de março de 2010
Você escreve horrores *-*
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