segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Se todas as vezes que eu pensei em te chamar eu o fizesse, nunca permitiria que você se fosse. Você e a escova de dentes amarela que ficou por aqui, junto com o Halls de maçã verde e a caixa da Garoto, que eu não resisti e comi. Na verdade, devorei cada bombom como se estivesse devorando você, como gostaria de devorar cada palavra e respiração sua.
Meu sorriso é amarelado, como a Garoto. A caixa poderia vir recheada com o meu Garoto e cumprir com a promessa de mais Serenatas de Amor que diz na embalagem. Mas você não veio. E eu já me cansei de escrever que você não veio, que não me resolveu e que não saciou essa minha vontade de amar. Sinto vontade de gritar aos quatro ventos o quando eu sinto sua falta aqui, mas você não tem coragem e eu me cansei de pessoas sem coragem.
E, agora, a caixa está vazia, amarela e só. Sem remetente, endereço e nem se quer um abraço a ser entregue, assim, de mãos beijadas. A caixa sou eu e nada mais.
Achei que poderia controlar de longe os seus sentimentos, mas eu não consigo nem de perto controlar os meus. Todas as palavras fogem quando quero te escrever como se me obrigassem a parar de derramar melancolia nos meus textos sem vida.
Mas você não pode, me dá vontade, mas não dá pra te ligar e dizer: ei, tô sofrendo, chega dessa estupidez e vem logo resolver meu problema?
Eu até ouviria o teu silêncio ensurdecedor.
De tanto querer falar, não saberia o que dizer. A intenção não é te convencer, é só fazer com que entenda que ainda é amado e que amor não é coisa que se retribui para ser gentil. Se algum dia me amar do mesmo modo, me avise que eu volto. E se eu voltar, a gente recomeça de onde parou, sem mais delongas.
Se você não quiser voltar pra onde nunca veio vai ser só mais uma porta fechada, mais um soluço que deixará de se calar, um sonho perdido e um abraço não dado.
Mas este é o rosto que eu gosto de ver perto de mim... é a sua voz que eu gosto de ouvir rouca pela manhã, de te acordar com a sua camisa. Eu quero dormir no teu abraço outra vez, te beijar antes de escovar os dentes e te esconder no meu carro numa manhã de domingo. Mais do que todos os outros quereres, quero você.
Daqui do meu humilde quarto que tantas vezes te acolheu em meio a madrugada, enquanto escrevo o que o meu pequeno coração berra, ouvindo pela milésima vez mil músicas que me lembram você, me encontro de cara lavada, mas cheia de vontade de te chamar de novo. Daqui posso ouvir suas mentiras sinceras, seu riso sem som e sentir o seu cheiro sem banho; posso ver você arrumando o cabelo para o jeito que eu gosto.
Os meus dedos imploram para que seja o último apelo, que seja um último texto, uma última dor e todo resto implora que você volte e me olhe nos olhos, que úmidos cansaram de viver.

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