Não tranquei a porta e apertei o térreo. Ninguém no elevador é como se a atmosfera fosse bondosa demais. Os 30 segundos que eu espero do 14º andar até o térreo são como segundos fora de órbita.
Sai na rua pedindo que ninguém me visse, porque tem dias que tudo o que eu mais quero é não ser vista. Ao virar a esquina sinto o primeiro pingo, no ombro nu. Quase evapora de tão quente que está o meu corpo eu peço por mais. Em segundos o mundo está caindo sobre os meus ombros e eu quero mais. Eu quero mais. Eu quero muito mais. E elas vêm, uma a uma molhando cada parte dos meus poros. O riso é automático, muito mais eficaz que horas de analista. Eu olho pra cima e sinto o quanto me refresca querer estar só. E eu andei até o fim da rua, pisando nas poças e rindo dos atletas. O trovão se apresentou eu quis abraçá-lo e dizer que estava com saudade dessa leveza que ele me causa. Eu ri, sentei no muro e vi as gotas escorrerem pelas minhas pernas. Quis guardar as gotas molhadas daquele momento, eu quis nunca ter que ser vista.
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