Sem que você soubesse, o teu corpo brincava de esconde-esconde com o meu. Seu sorriso escondia os meus medos; seu olhar os meus problemas; o seu cheiro a minha insegurança e todo o resto não deixava rastros de nada.
A tua presença me enchia da forma mais bonita. Só você aqui e eu estava completa, mentalmente implorando por um abraço dos teus braços que faziam a volta toda pelo meu corpo. Porque, de algum modo, eu sabia que quando você apoiava o queixo na minha cabeça éramos só eu, você e mais ninguém. Então o mundo poderia parar de girar que tudo bem, eu estava protegida no meu abrigo móvel chamado você.
Na tentativa de memorizar cada detalhe daquele momento, Clarice Lispector gritou dentro da minha cabeça: 'Eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento'. Tremi de medo. Medo de partir o meu simbólico coração em mil pedaços antes mesmo de reconstruí-lo. Enquanto isso você cerrou os olhos e sorriu e me olhou de baixo para cima e levantou só um lado da sombrancelha e me desmoronou inteira.
Em segundos, eu quis que Clarice Lispector se remexesse na tumba. Numa hora dessas eu já era toda sentimento, como se o amor que eu sinto fosse o ar que eu respiro: essencial para o meu viver.
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