terça-feira, 18 de junho de 2013

5º Grande Ato SP

Dia 17/06/2013 - Eu estava lá. Pra quem quiser saber, eu estive entre as milhares de pessoas que caminharam pelas principais ruas de SP. Cara, é muito diferente quando você é um deles.  Desci com minha galera nas Clínicas (que é uma pernada até a Faria Lima) e quando chegamos no Largo da Batata eu nem sabia que já estava lá, porque era tanta gente deste a Teodoro que eu fiquei perdida. Quando eu olhava pros lados, não havia nada além de prédios imensos e pessoas sem fim. Estar na manifestação no dia de ontem era olhar pra trás e não ver fim, olhar pra frente e não fazer a mínima ideia de onde começava. Mas sabíamos que estávamos indo. E só o fato de estar era acolhedor. Um dos fatos é que era muita gente diferente - raças, crenças, opções sexuais distintas e não houve atrito. O olho do paulista estava tão focado no “se fazer enxergar” que nenhuma justificativa seria plausível para qualquer tipo de desentendimento. Confesso ter ficado chocada com a educação dos meus companheiros de rua. Nem de longe parecia aquele povo cansado que se espreme de cara feia na linha vermelha às 18h diariamente.
Depois de andarmos infinitos pela Faria Lima, passamos por uma construção espelhada bastante comprida, na qual era possível ver o reflexo daqueles que passavam por ali. Incrível é uma palavra que descreveria facilmente a sensação que senti quando olhei e vi aquele rio de gente. O coro era uma sintonia de arrepiar, todos gritavam “uau”, porque não fazíamos ideia de em quantos estávamos. E olha que aquilo era uma porcentagem tão pequena do total.
O melhor momento, de longe, foi quando depois de muuuita caminhada, chegamos na parte alta da Brigadeiro. Olhar para trás era incentivo pra subir um Everest. Arrepia só de lembrar. Eu sabia que já tinha subido muuuita gente e que atrás de nós havia pessoas que não tinha fim mesmo!
Mas além de todo o trajeto, com todas as cantorias e pulinhos pelo caminho, algumas coisas me chamaram mais atenção e me emocionaram mais do que a população na rua como um todo. Por exemplo, as várias pessoas que nos assistiam das janelas com panos brancos – em especial um garotinho saltitante de uns 13 anos que exalava uma motivação incomparável. Outra coisa foram alguns ônibus que ficaram parados pelo caminho e estavam forrados de post-it com mensagens – tão diferente dos piches antes imaginados. E não posso deixar de citar os bem-humorados motoristas que ficaram pelo caminho – alguns fora do carro, outros sorrindo e acenando o apoio.
Eu queria conseguir descrever a sensação que foi estar ali e receber a notícia de que no Rio tinham 100 mil nas ruas e – melhor – que em Brasília a galera tava no Congresso. Eu nunca quis tanto um teletransporte. Tudo o que eu conseguia pensar é “Tá acontecendo!” e eu dizia pras pessoas que estavam comigo “Esse dia é histórico” e realmente é, pelo menos no meu coração eternamente será.
 Por fim, depois da Paulista voltamos pra casa porque o cansaço era maior. Mas não tão grande quando a manifestação pública que tomos as ruas da capital ontem. Não sabíamos que alguns estavam na Marginal e nem qual era a abordagem jornalística para aquilo que tínhamos acabado de fazer, mas uma coisa era certa: a imagem daquilo que vi, o som de tudo aquilo que cantei e tudo o que senti, não tem nada no mundo que paga.

Foi, sem sombra de dúvidas, o dia mais memorável de toda a minha vida. Foi lindo, foi amor, foi Brasil.

Foto da internet - Congresso Nacional em Brasília

Foto da internet - Largo da Batata em São Paulo.
17/06/2013 - 5º Grande Ato contra o aumento das passagens do transporte público em São Paulo.
Outras cidades do Brasil manifestaram-se nesta mesma noite como Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre entre tantas outras. Cerca de 300 mil pessoas estiveram nas ruas. O protesto deixou de ser R$ 0,20. 

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