Pisquei. Abri os olhos e eu estava em um ambiente fechado, rodeada de pessoas. Um copo de cerveja gelada na mão. Três telões transmitindo a semi-final Itália x Espanha da Copa das Confederações. A Itália colocou na rede a bola do quinto pênalti. A bateria da faculdade fazendo a trilha sonora daquele momento tenso que decidiria quem vai jogar com o Brasil domingo na final. A luz era azulada, tudo um pouco escuro. Olhei pra baixo. Era eu, com uma roupa confortável. Era uma cervejada de fim de semestre. Depoisda tempestade, vem a bonança. Tudo o que eu consegui me perguntar foi: por que mesmo que eu fico tão triste de vez enquando?
O jogo acabou, a Espanha venceu. Uma pena. Aqui em São Caetano é todo mundo um pouco italiano. Mas a festa continua, afinal, estamos comemorando o fim das provas do semestre. Sorria, meu bem. Sorria. Era o que eu não conseguia deixar de fazer. Cerveja free. Perdei a conta de quantos copos tomei.Tive a impressão de que nunca fez efeito. Talvez seja porque eu comi quase dois mil espetinhos de carne na farofa. Ou talvez porque eu queria tanto que aquilo não passasse nunca, que eu queria continuar sã. Olhei no celular: 20h. Ainda tem festa pra caralho. Inventei de misturar vinho, pinga, vodka. Sabe lá Deus porque. Topou hip hop e eu desejei estar no Bronks. Estive com um menino que não tive nem coragem de perguntar o nome, de tão bonito que era. Recusei chamas do celular. Desliguei o 3g. Não respondi sms. Eu mereço um pouco de espaço, não?
No camarote com duas amigas achei que o mundo acabaria no meu rebolado desengonçado. Dancei sem amanhã. Fui ao banheiro, limpei o lápis preto do olho. Voltei. Dei de cara com a ex do meu ex. Tomei mais 15 litros de cerveja. Dei de cara com a ex melhor amiga do meu ex. Pensei nele. Bebi cerveja. Me perdi das meninas. Dancei um pouco mais.
Sentei. Liguei o 3g e pra minha infelicidade, abri o intagram. Carregou (por um milagre) a foto de uma famosa que eu sigo. Os pés, um lençol branco volumoso e um livro. Bateu a bad. Bateu porque eram dez da noite e eu sabia que a minha irmã estava me esperando no sofá. Porque embora eu adore a farra, eu sei que amanhã isso aqui vai ser só uma foto e um passado. Os garotos bonitos serão um borrão na lembrança. As músicas talvez nem sejam lembradas. Todos os espetinhos e cerveja serão eliminados. Amanhã tudo o que eu vou ter serão meus livros, meus pés e minha cama.
Eu quis ir embora nesse exato momento. Mas estou de carona. Achei as meninas. Fui involuntariamente obrigada a me animar. Dancei uns rios. Usei o banheiro exclusivo. Bebi mais cerveja. Descobri que o algodão doce tinha acabado. Descobri também, que para minha sorte, já tinham desmontado o touro mecânico. Acenderam as luzes. Deu vergonha. Vambora.
Andei uns dias e cheguei no carro. Alguns comentários pejorativos e ela deu partida. Cheguei em casa em 5 minutos. Olhei no espelho do elevador. Nem um milagre melhoraria esse cabelo ensebado, a rouba com manchas do alcool e o rosto com a maquiagem borrada. Sorri na tentativa de amenizar como é que eu me sentia por dentro. Em menos de 1 segundo passou. Descobri só aí que eu estava bêbada. Era meia noite e a minha irmã olhou com olhar cansado quando eu abri a porta.
Fiz algumas obrigações fraternas e encontrei com a minha cama. A pequena dormiu comigo. Eu, ela e o meu bafo de balada universitária.
Hoje eu deitei no sofá e li um livro.
28 de junho
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