E há 12.000 km de distância, eu só queria que você entendesse no meu idioma que o que eu tento te explicar em inglês nunca será suficiente. Eu nem sequer me lembro mais quando foi a última vez que eu senti o meu coração. Na verdade, eu até acho que ele tirou umas férias de mim. Férias longas de algo mais que dois anos. Sabe como é, adolescência, uma garota frágil e sentimental que com qualquer respiração mais profunda estava caída na lama da paixão. Mas aí passou, nem sei quando, depois de tantos tombos. Se quer saber, eu nem sequer pedi que ele voltasse. Por mim, meu coração teria férias até o fim da faculdade e aí ele poderia, aos poucos, aquecer essa parte quase esquecida do meu tórax. Mas eu nunca mandei em nada do meu corpo.
Coração voltou das férias e com fôlego extra pra trabalhar. E foi voltar logo no meio de tanto frio que eu senti no Canadá. Voltou batendo forte e pum: eu sinto queimar a cada batida. E eu sinto doer a cada pulsação.
E, bem, eu queria que lhe fosse possível entender que isso não acontece com frequência. Eu queria dizer que eu não sinto vontade de largar a minha vida e sair correndo atrás de alguém por quem estou desesperadamente apaixonada.
Porém, eu não vou dizer é nada. Não vou dizer porque de que te adianta saber que a dor que eu sinto é daquelas de parar de respirar um pouco pra ver se passa, se você está tão longe que não é possível nem chegar em um voo só.
Eu nem vou dizer porque estar apaixonada já é dolorosamente suficiente e querer falar sobre tudo o que eu sinto é o mesmo que me cortar aos poucos e lavar com álcool cada ferida.
Nada faz sentido desde que eu voltei. Eu me sinto estrangeira no meu próprio país. Eu não me sinto à vontade estando em casa. Eu me olho no espelho e não consigo sorrir. E é ridículo porque isso não tem mais a ver com você, mas tudo o que eu faço me lembra Vancity e você esteve lá por tanto tempo segurando a minha mão.
Logo eu, que nunca gostei de filme de princesas que encontram o príncipe encantado e que se encantam por gestos previsíveis, perdi o ar quando você segurou na minha mão ao atravessarmos a ponte pra Granville Island. E não consegui pensar em mais nada além de “Caralho, ele tá segurando a minha mão”.
São facadas no meu peito lembrar que no dia em que brigamos, você cantou a música do Jay-Z no meio da balada olhando no meu olho e depois me deu o beijo mais junto de todos os tempos em frente a todos os nossos amigos, revelando o nosso segredo mais íntimo até então. “And I still don’t know why, why I Love you so much...”
E de fato, hoje eu faço minhas as palavras que terminam esse trecho da música... “It's amazing I'm in this maze with you, I just can't crack the code. One day you screaming you love me loud, the next day you're so cold…”
I love you so fucking much e não tenho força suficiente par ate deixar ir, muito menos pra me fazer aceitar que o melhor pra nós dois é te deixar amortecer dentro do meu peito enquanto tudo o que eu consigo lembrar é de como você é lindo enquanto dorme.
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