Se te dissessem agora que você tem, hm... poucos dias de vida. Use a criatividade, um câncer mega evoluído terminal, um meteoro, não sei. Ou se você soubesse que a próxima vez que dormir será a última, porque nunca vai acordar outra vez. Provavelmente prolongaria ao máximo suas horas acordado, tentando viver cada segundo e no primeiro caso correria para estar perto das pessoas que gosta, ligaria para quem está longe, falaria muito, choraria mais ainda e reviveria suas memórias. Até os mais tímidos desinibem-se nestes momentos. Todo mundo passa a viver quando descobre que está prestes a morrer. Aí eu pergunto: e eu? Matraca falante, o que faz antes de morrer?
Eu me calo e é só.
Se o dia da minha morte fosse hoje, por um extraordinário exemplo, eu me calaria. Passei os 18 atuais anos de minha vida gritando, vezes alto, vezes escrito, aquilo que vivo. E não é pouco. Eu passo os dias escrevendo e sentindo. Eu entendo a arte de sentir.
Muitos interpretam o meu falar como “dona da verdade”, mal sabem elas que não possuo nem uma célula microscópica do meu corpo, quanto mais a verdade! Vou passar a avisá-los que seus boatos não passam de pura perseguição. No fundo, no fundo, eu só me importo comigo. Comigo e só mais três, felizardos três pelos quais eu daria minha vida e ninguém mais.
Eu sou interiormente tão grande quanto o exterior que me carrega. Tenho muito dentro de mim para me preocupar com o pouco da opinião alheia. E não é exposição escrever o que sinto e falar abertamente sobre o que quero, gosto e penso. É arte. A arte de não se retrair.
Eu escrevo o que vejo e sinto. Achei que não, mas é muito melhor que pintar, cantar e dançar. Com as minha letras eu pinto, canto e danço exatamente do jeito que vê o meu leitor. E assim, sem saber pintar, cantar ou dançar eu os faço profissionalmente com a riqueza dos meus adjetivos.
Depois calo-me antes de morrer, porque como a maioria, não deixei para sentir os detalhes nos acréscimos. Eu vivo o tempo todo nessa intensidade de sentimentos que habitam dentro de mim. Eu morro calada, porque as palavras já escritas me eternizam.
Morrerei assim que me faltar o que escrever, pois sem a escrita nada mais faz sentido.
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