segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Para alguém fodidamente especial.



“- Eu escrevo.

- Não, querida, eu quero saber o que você faz da vida.

- Pois não. Eu escrevo.

Cerrou os olhos – eu entendi. Não sei o porquê, mas aplica-se um título um tanto quanto vagabundo quando se trata de um escritor não-famoso. Eu continuei.

- Eu escrevo. Sou escritora. Talvez você esteja se perguntando: “quantas outras pessoas escrevem que tantas outras não lerão?” Da mesma forma que tantas belas melodias são compostas dia após dia e não serão nunca escutadas. E também tantas magníficas paisagens são pintadas e nunca serão vistas. Gente de talento, sabe?


Meio que sem entender, concordou com a cabeça. Eu prossegui.

- Artistas reais são pouco valorizados no mundo profissional, mas são os que realmente trazem beleza à vida. Percebe? Quantas vezes berrar a letra de uma música foi libertador? Da mesma maneira que é quando se lê um texto e sentimo-nos desabafados por saber que alguém conseguiu transparecer com tanta riqueza de detalhes exatamente aquilo que se sentia? E também enxergar que mãos humanas são capazes de reproduzir, a partir de uma diversidade imensa de materiais, aquilo que os olhos veem.

Agora, dos profissionais mais renomados: quantos grandes prédios foram construídos, depois de tanto tempo sendo arquitetados e planejados e nunca chegarão a ser visitados por tanta gente? Quantas causas foram ganhas e perdidas dentro de fóruns na presença de juízes, advogados, promotores e delegados e nunca serão sabidas? Quantas grandes empresas foram salvas por grandes administradores e nenhum cidadão se quer sentiu no bolso a diferença?

No fim das contas não importa o que eu faça, eu vou fazer grandes coisas. Entretanto, apenas algumas serão grandes aos olhos humanos. Mas não importa quantos prédios eu construa, quantas causas eu ganhe, quantas empresas eu salve... de nada vale se eu não tocar um coração. E você que me perdoe, mas escrevendo eu posso tocar muitos corações e, pra mim, isso vale mais do que qualquer título. Retomando, eu escrevo.”

02:19 a.m. – 22.09.12

Y. Onça;

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