São dez e alguma coisa da noite. Estou com 38.6° de febre. Hoje é segunda-feira, mas eu não tomei nem um gole de cerveja no fim de semana. Não, eu não estou sofrendo as consequências da baixa imunidade causada pela farra. Eu só estou tentando me manter quente enquanto minhas mãos congelam para escrever alguma coisa nessa foto que acabo de tirar. Eu deveria estar dormindo, mas já tomei dipirona líquida e minha mãe riu de mim só pq eu morri de rir pq tinha que tomar essa porcaria. Eu não sei pq eu ri, mas me deu vontade e eu mostrei a língua pra minha mãe fazendo "hê". Ela disse que eu fico grog quando com febre. Acho que ela esteja certa, talvez. Afinal, eu quero salsicha sem molho com catchup pq de repente estou cheia de fome. E afinal, pq escrever se estou me afundando na loucura causada pela alta temperatura em que meu corpo se encontra? Eu estou escrevendo pq essa é a coisa que eu mais gosto de fazer na vida - depois de comer e dormir pq tb não sou boba! - e também a coisa que eu acho de melhor. Mas tem que ser sincero, como agora. Eu aprendi que eu gostava de escrever quando alguém me disse que eu era boa nisso. Uns dois ou três anos atrás. Essa mesma pessoa, pouco tempo depois, teve suspeita de gripe suína, lá naquela época. Acho que nunca vou esquecer o dia que ela me disse que quando estava a caminho do hospital, viu uma loja de tapetes, se não me falha a memória, com meu nome. Automaticamente, lembrou de mim e me elegeu a oradora da sua carta de morte. Alguém me explica porque que quando ficamos doentes, temos um medo intenso de morrer? Enfim, ele me elegeu pra ler tudo o que ele gostaria de dizer às pessoas, se morresse. Tirando a situação trágica, me senti lislongeada por ser, ainda que apenas em mente, eleita para ler suas últimas e mais sinceras palavras. Comecei esse texto por essa pessoa. Atualmente eu não deixaria recado pra ninguém, porque aprendi a deixar meu sentimento com cada um a cada despedida. Mas existe uma pessoa que eu gostaria de dizer que eu teria feito diferente. Eu teria ligado de volta e desrespeitado todas as suas recomendações. Eu teria te abraçado mais vezes pra chorar, pq vc sabe que eu sou uma cachoeirinha nos seus braços. Em suma, eu apenas não teria te deixado ir por relacionamentos ou conselhos quaisquer. Eu só teria te mantido ao meu lado, como sustentação. Mesmo com todas suas namoradas e meus pirralhos, eu teria te mantido, pq o que eu tenho por você é ma outra do que tudo isso. São madrugadas no teu colo chorando as mágoas dos meus outros amores e escutando as suas também. Mesmo sabendo que não existiria nada além de eternas confidências. Eu sinto falta de alguém que briga comigo como vc faz, pq eu preciso mt disso de vez enquando e é por isso que eu sinto sua falta. Eu fiquei covarde sem você. Aproveito, portanto, a lucidez que a loucura da temperatura me causa pra registrar que, mesmo que não seja agora, quando eu partir, quero que você leia pro mundo o quanto eu fui feliz por viver.
01 de outubro de 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário