domingo, 7 de setembro de 2014

Eu só tenho vinte e um, mas aquele papo das pessoas dizerem que eu estou ficando igualzinha a minha mãe e eu negar até o último já não faz sentido. Desde a minha irmã eu penso um pouco como mãe. Há uns 2 ou 3 anos eu tenho me visto repetir copiosamente caras e bocas e frases e gestos que muitas vezes eu não gosto. 
Mas o fato é que hoje cheguei da faculdade ja era 23h, e como faço todos os dias, beijei minha mãe e irmã que aparentemente já dormiam na cama. 
A Chrystal estava fingindo e antes que eu saísse do quarto ela revelou o segredo de estar acordada. Ela estava embaixo das cobertas, grudadinha na mamãe porque chovia e ventava muito. Moramos no 14o andar de um prédio no bairro mais alto da cidade. O barulho era muito e ela estava com medo, por isso já deitada.
Me deitei ao lado dela. Mesmo que eu estivesse desesperadente precisando dormir. Ainda que eu precisasse jantar e passar a roupa de amanhã. Eu deitei porque eu odeio a sensação de que estou perdendo vê-la crescer por sair às  6h e voltar às 23h todos os dias. E os poucos minutos que eu posso perguntar como foi seu dia, são os mais deliciosos de outras 17h já vividas.
Enquanto conversávamos, a melhor amiga dela enviou um áudio no whatsapp. A menina ganhou um celular da Samsung que a minha irmã quer muito. Ela imediatamente começou a chorar muito. Daquele choro sofrido, soluço. 
Num primeiro momento eu quis dar uns tapas nela e dizer que agora sim ela tinha motivo pra chorar. Mas eu entendi. Eu entendi porque quando eu era mais nova, qualquer coisa era tempestade - e ainda é algumas vezes rs.
Um segundo depois, eu involuntariamente revisei mentalmente minhas finanças e decidi que amanhã mesmo eu ia comprar o raio do Samsung. Mas como eu poderia dar imediatamente para uma criança de apenas 11 anos que tem quarto próprio, com móveis planejados exclusivamente para ela, com tv, computador, xbox,  que mora em casa própria, que vive financeiramente tranquila e que estava segurando em suas mãos outro aparelho Samsung, comprado há aproximadamente um ano? Como eu poderia mostrar a ela que a vida não vai nos dar todas as coisas que queremos assim? Foi aí que eu comecei a pensar que eu era minha mãe.
Falei sobre estar quentinha, sendo abraçada com todo amor, debaixo de um teto resistente em uma noite de muita chuva. Falei sobre ter tudo o que é necessário para uma vida muito mais que confortável. Falei até sobre não ser dinheiro, sobre ser uma questão de tudo ter seu tempo. Existem tantas outras coisas que valem absurdas vezes mais que um modelo novo de smartphone, eu disse. 
Mas ela não ouviu, como e tantas vezes não ouvi e só conseguia pensar secretamente na minha cabeça: ai mãe, você não entende!
Mas ela entendia sim. Entendia porque hoje eu consigo ver nitidamente o quanto mais valiosa é a minha família e os que eu amo do que todos os bens materiais que eu poderia querer.
Depois disso, eu comecei a chorar. Não porque a minha irmã de classe média quer um celular novo e eu não vou comprar porque eu preciso educá-la. Eu não estava chorando por vê-la chorar - embora doesse.
Eu chorei porque é inadimissível no meu cérebro pensar que existem pais e mães que chegam em casa e veem seus filhos chorar porque não tem comida. Ou porque não tem um tênis novo como o coleguinha da escola. Como pode suportar tamanho sofrimento? 
Quantas vezes na minha vida eu me peguei chorando porque eu não tinha algo supérfulo. Hoje eu posso agradecer imensamente por conseguir ter essa visão de "mãe" nas atitudes e situações da vida da minha irmã. 
Eu quero protegê-la do mundo. Mas tantas coisas eu sei que só aprendi depois de muito apanhar.
De todos os bens, nada importa sem a minha família, mesmo que eu odeie como eu imito sem querer as atitudes da minha mãe. Elas são tudo o que eu posso amar com maior intensidade na vida e no fundo, no fundo, eu quero muito ser como a minha mãe.

03 de setembro de 2014

domingo, 10 de agosto de 2014

Pais não morrem. Pais não vão pro céu. Pais não abandonam os filhos.
Meu pai, dizem os outros, que morreu quando eu tinha cinco. Eu só lembro que eu escrevi uma cartinha e que o caixão estava fechado. Eu não pude dizer "tchau, papai". Só Deus sabe quando tempo eu esperei que alguém dissesse que era tudo uma brincadeira de mal gosto e que o caixão estava vazio e que papai voltaria no fim de semana. Eu esperei o meu pai me levar no Habibs da Afonsina por meses a fio. Eu esperei ele me buscar em casa pra ver meus avós. Passaram 16 anos e ele nunca veio. 
Quando eu me tornei adolescente eu queria ter um pai pra ser rebelde. Eu sempre quis ter um pai pra ter ciúme dos meninos com quem eu saí. Ou pra me levar pra fazer programa de menino. Quando eu fiz 15 anos eu desesperadamente quis um pai pra me acompanhar na valsa. Aos 18 eu queria tanto que ele tivesse me assistido ler o discurso de colação de grau do ensino médio. No dia que eu passei na Cásper Líbero, eu queria ter meu pai orgulhoso. Eu queria que ele tivesse carregado as malas quando eu voltei do meu primeiro intercâmbio. 
Mas pais não morrem, não vão pro céu e nem abandonam os filhos. O meu pai estava comigo no dia do seu próprio velório. Ele estava comigo em todas as pequenas conquistas. Ele deu um jeito em todos os garotos que partiram meu coração em pedaços. Dançou em minha festa de debutante, me aplaudiu na formatura, se divertiu comigo no primeiro trote da Cásper e estava comigo em todos os voos que eu peguei pro Canadá. 
Meu pai vive. Ele está aqui enquanto escrevo. Ele me protege, me cuida, me corrige. Meu pai está em meus pensamentos, está no meu coração. Meu pai mudou do mundo pra morar dentro da parte mais valiosa de mim. Meu pai nunca se foi, enquanto eu existir. Feliz dia dos pais, pai.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

No music. No tv. No see. Eu gosto de dias silenciosos. Eu gosto dos dias que há tempo pra olhar pra vida. Isso que eu chamo de minha vida tem sido um tanto boemia há meses. Às vezes eu até mesmo me culpo por isso. Mas nunca disseram que seria justo.
Eu não consigo mais pensar em uma vida fixa e única. Tradicional. Eu não consigo querer a casa melhor equipada, nem o carro mais novo e muito menos o emprego mais longo. Eu me pego incontáveis vezes me lembrando que na minha vida real atual eu não estou com meia dúzia de coisas minhas morando em qualquer lugar do mundo.
O desespero que eu sinto em ir embora é tão maior que tudo o que eu já somei até hoje. Eu não quero ser daqui. Nem quero ter nada. Eu não quero me tornar uma adulta que se gaba das conquistas materiais. Eu não me vejo casada e com filhos fazendo visitas de almoços tão tabelados de domingo. Eu me vejo casada. Solteira. Com filhos. Ou só com a minha irmã. Em qualquer lugar que eu não possa chamar de meu.
Nem um passaporte loucamente carimbado. Eu só quero um lugar livre. Em que as pessoas sejam o que de fato são. Sem ternos. Sem falsas fugas pra liberdade mental. Eu adoraria morar em lugar nenhum.
Talvez lá eu encontre alguém pra chamar de eu. Pra ver refletido e pensar: foi isso que eu escolhi ser - livre. Pra não ser menos bonita ou mais magra. Pra ser índio.
Se a busca pelo conhecimento interno é eterna, porque alguém espera que eu fique aqui no mesmo lugar?
E nessa selva de pedras bem montadas, com tanto barulho o tempo todo não é possível pensar e ser de fato alguém. Sem piloto automático. Façam silêncio! Eu tenho um encontro comigo mesma e eu não quero me atrasar.
Eu vou cumprimir o protocolo. Mas por pouco tempo.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Que eu continue amando muito, fácil, rápido e com gosto
E não me deixe levar por uma sociedade que julga paixões como situações descartáveis e pessoas em momentos aleatórios de prazer.

Amém.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

E há 12.000 km de distância, eu só queria que você entendesse no meu idioma que o que eu tento te explicar em inglês nunca será suficiente. Eu nem sequer me lembro mais quando foi a última vez que eu senti o meu coração. Na verdade, eu até acho que ele tirou umas férias de mim. Férias longas de algo mais que dois anos. Sabe como é, adolescência, uma garota frágil e sentimental que com qualquer respiração mais profunda estava caída na lama da paixão. Mas aí passou, nem sei quando, depois de tantos tombos. Se quer saber, eu nem sequer pedi que ele voltasse. Por mim, meu coração teria férias até o fim da faculdade e aí ele poderia, aos poucos, aquecer essa parte quase esquecida do meu tórax. Mas eu nunca mandei em nada do meu corpo.
Coração voltou das férias e com fôlego extra pra trabalhar. E foi voltar logo no meio de tanto frio que eu senti no Canadá. Voltou batendo forte e pum: eu sinto queimar a cada batida. E eu sinto doer a cada pulsação. 
E, bem, eu queria que lhe fosse possível entender que isso não acontece com frequência. Eu queria dizer que eu não sinto vontade de largar a minha vida e sair correndo atrás de alguém por quem estou desesperadamente apaixonada.
Porém, eu não vou dizer é nada. Não vou dizer porque de que te adianta saber que a dor que eu sinto é daquelas de parar de respirar um pouco pra ver se passa, se você está tão longe que não é possível nem chegar em um voo só. 
Eu nem vou dizer porque estar apaixonada já é dolorosamente suficiente e querer falar sobre tudo o que eu sinto é o mesmo que me cortar aos poucos e lavar com álcool cada ferida. 
Nada faz sentido desde que eu voltei. Eu me sinto estrangeira no meu próprio país. Eu não me sinto à vontade estando em casa. Eu me olho no espelho e não consigo sorrir. E é ridículo porque isso não tem mais a ver com você, mas tudo o que eu faço me lembra Vancity e você esteve lá por tanto tempo segurando a minha mão.
Logo eu, que nunca gostei de filme de princesas que encontram o príncipe encantado e que se encantam por gestos previsíveis, perdi o ar quando você segurou na minha mão ao atravessarmos a ponte pra Granville Island. E não consegui pensar em mais nada além de “Caralho, ele tá segurando a minha mão”.
São facadas no meu peito lembrar que no dia em que brigamos, você cantou a música do Jay-Z no meio da balada olhando no meu olho e depois me deu o beijo mais junto de todos os tempos em frente a todos os nossos amigos, revelando o nosso segredo mais íntimo até então. “And I still don’t know why, why I Love you so much...”
E de fato, hoje eu faço minhas as palavras que terminam esse trecho da música... “It's amazing I'm in this maze with you, I just can't crack the code. One day you screaming you love me loud, the next day you're so cold…”
I love you so fucking much e não tenho força suficiente par ate deixar ir, muito menos pra me fazer aceitar que o melhor pra nós dois é te deixar amortecer dentro do meu peito enquanto tudo o que eu consigo lembrar é de como você é lindo enquanto dorme.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

A sensação constante de paixão que eu sinto de um rosto pro outro, entre um sorriso ou olhar, entre uma palavra mais gentil e outra e que passa em questão de segundos. Não sei nem administrar meu salário, vou administrar amor?
Não faz mistério. Diz em três palavras comuns que ainda é quente o amor que você nunca esqueceu.

Julho/13 
No fim da tarde ele me olhou nos olhos para dizer que sim, ele me queria ao lado dele. E eu sei o quanto isso é terrível. É terrível porque eu sei que ele vai me deixar outra vez. E que, quando se trata desse ser humano, não há volta. Não achei que algum dia me incomodaria por amar alguém.
Mas incomoda. Incomoda porque eu não sei o que esperar. É inevitável pensar que vai doer, que eu vou chorar. E que doa! Que doa muito e que eu me doe mais ainda. Só pelo simples fato que é completamente impossível me dizer pra não cair de cabeça nesse mar imenso e imprevisível e encantador que é entrelaçar os meus dedos nos seus e te amar desde o primeiro dia até o sempre.

Julho/13

domingo, 29 de dezembro de 2013

Enquanto cai o mundo lá fora, eu estou aqui. O barulho da tempestade é quase mais alto que o grito de desespero dos meus pensamentos. É sábado de feriado prolongado. Eu não tirei o pijama. Faz calor. E mesmo assim eu me sinto deprimida. Essa vontade de não fazer nada esgota as minhas forças.

Que a chuva tenha vindo aumentar a umidade e diminuir a minha dor.
17/nov.2013
Anotar tudo. Fotografar tudo. É um despero que eu sinto que eu não me deixo chegar ao luxo de perder nada. Nem o que dói.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

E quando alguém me pergunta o que me faz feliz, é tão fácil responder.
Chegar em casa de madrugada depois de trabalhar/badalar e você estar caída no sofá, porque não foi pro quarto na esperança de que eu chegasse cedo. Ou te ver deitada na cama no vigésimo sono e tirar o seu óculos com todo o cuidado do mundo pra não te acordar. Ou, então, te pegar no colo - o que já me exige certo esforço - e levar pra cama e dizer: deita que eu te cubro. Te cobrir. Beijar a sua testa e sentir esse cheiro de você mesma. Ou te beijar de manhã, achando que você está dormindo, e aí você abre o olho do nada e diz: bom dia, tatinha. Chegar correndo da faculdade e preparar o almoço e você comer com toda a vontade do mundo qualquer gororoba que eu faça. E melhor: achar que a minha comida é melhor que a da mãe. Ouvir você pedindo pra eu te ajudar com a lição de casa, porque você acredita piamente na minha inteligência infinita. Te ouvir dizendo que vai dormir comigo, porque tá frio. Você dizer aos seus colegas que quer ser como eu quando crescer. Que eu sou "o próprio pau" (de magreza), onde, Deus? Hahaha. Que eu sou seu espelho. Ou quando você me pergunta se a roupa está boa e aceita qualquer pitaco, como se eu fosse a maior consultora de moda de todos os tempos.
O fato de você me amar mais do que é imaginável e descritível faz toda a diferença na minha vida, princesinha. Você será sempre o corpinho que eu mais amo morder até você chorar, minha motivação e eterna alegria.
Eu te amo, Chrystal, e me pergunto a todo segundo se é possível que alguém ame outro ser humano o tanto que eu amo você.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O que eu sinto, o que eu vejo, o que eu falo. Os abraços, os carinhos, o teu olho no meu. Os tropeços, as risadas, as laranjas. As cervejas, os bilhetes, o quintal. O que eu sou, o que eu fui, o que serei. O que nós seremos daquilo que fomos e pelo o que é agora. O vento forte, a coca sem gás, a peça no chão. A aula chata, o ônibus cheio, o carro na contramão. A fala não dita, o pé na esquina, a faixa desbotada. Meu carro na porta, sua mão no portão, meu coração na mão. O que foi verdade?
Verdade se foi, verdade voltou. Verdade eu não quis. 
Te mandei embora, pedi pra voltar, chorei no seu colo. O chá já acabou, mas a dor ainda existe. Por que raios tenho vivido tão triste? A paixão acabou, o cavalo morreu, seu cabelo cresceu. Chamei um táxi. O meu preto eu busco amanhã. Não quero trocar nem de marcha. Não quero trocar mais nada. Chega dessas maiúsculas, logo chega o verão e vai-se embora a solidão.
Se sinto saudade? Ora, se não o fosse, seria o que mais? Se a cerveja não acabou, não tem porque chorar. Achegue-se mais, encha seu copo, eu falo mais que demais. O fardo é grande, mas sendo inconstante não se pode carregar menos. Eu abri minha casa, meu livro de histórias e ele ousou ir embora. De resto, um coração partido. Por um, por dois, por trezentos e setenta e quatro num dia só. Tem espaço pra todo mundo, mas não tente me dar nó.
Eu fui embora tantas vezes, voltei mais ainda. De orgulho não vale a pena sofrida. É tão dolorido perder alguém. Mas nunca quis saber mendigar. Perdi por tantas. Depositei o mundo e, no fim, só recebi migalhas.
Sempre eu irei pro meu lugar preferido no mundo. Fechar a porta. Abrir uma fresta da janela, porque na cidade da garoa, faz frio em meados de outubro. Ligar o aquecedor. Acender um incenso de cheiro forte. Sair pra fazer um chá. Voltar com as mãos aquecidas e nariz suado de camomila. Dois sachês, preciso de um baque. Preciso de um breque. Um breque pras lágrimas, um breque pra dor, um breque pra essa utópica alegria que eu sinto pelos demais. 
A caneca é das maiores, eu apaguei a luz. Eu adoro escrever sentada no chão. É um pouco mais distante do restante. 


domingo, 29 de setembro de 2013

Eu vou gostar muito mais de você quando você me ligar nas tardes de domingo. Porque no fundo, no fundo todo mundo sabe que compartilhar o ombro em dias que não se quer ninguém é mais do que querer. E sempre chega um e-mail ou outro nas terças ou quartas entre as semanas que você não deixa de existir por séculos. Afinal, você sorri um pouco e eu vou desligar o seu celular mesmo com todas essas ligações de trabalho que você precisa antender. Eu nunca aceitei e nem nunca vou aceitar dividir a sua atenção. Será que você sabe o quanto é difícil encontrar alguém que entenda que eu gosto de transar de janela aberta mesmo que sejam três da tarde e o vizinho do prédio da frente esteja esparramado no sofá? Porque eu odeio ficar suada e sentindo esse cheiro de coito de domingo ganhando graça. E vai, sim, ser melhor quando eu te disser que eu não to afim por motivos inexistentes e você me olhar com essa cara de "eu tô tão louco por você que agora não dá mais...".
Difícil admitir, mas um abraço apertado nesse corpo de meio metro que eu tenho me ganha mais que mil flores roxas no entardecer. E o melhor de todas as coisas que ficaram implícitas nesses registros é que quando você vai embora eu nunca sei quando voltará e eu espero das profundezas da minha alma que não seja cedo demais.

"Dorme agora, neném, é só o vento lá fora."

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Fervi um chá; enchi de açúcar. De amargo já me basta esse coração sem dono.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Felizmente eu não sou o reflexo do que querem que eu seja. Me sinto orgulhosa por isso. Não posso ser outra pessoa só porque querem que eu seja, ainda que eu ame com todas as minhas forças esse alguém. 
O mundo é relativo e eu não vou me culpar porque o que é ruim pra você é muito bom pra mim. Essa época já passou. Eu tenho me complicado muito, eu sei. Mas ninguém enxerga que eu me sinto tão perdida no meio desse infinito de opções que existem na minha frente? Desde sempre optei por seguir aquilo que eu e somente eu acho justo. Não certo, nem errado - justo. 
É motivo de orgulho eu não me permitir ser desenhada em padrões, nem vista em espelhos enganosos.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013



- Eu destruí todos os meus resquícios de fraqueza. Estive longe todo esse tempo porque é menos doloroso tentar não sentir, mas é pedir muito.
- Olhando assim de perto, eu até entendo. De longe, com olhos pouco atentos, sem grandes intenções eu nunca acreditaria.
- Mirando seu sorriso, essa delicadeza pouca ao esconder a franja atrás da orelha, eu não imaginaria também. Você carrega uma bagagem pesada demais pro seu tamanho.
- A travessia tem sido longa. Fiz escala em tempos incertos e em territórios desconhecidos, mas no fundo, eu só estive voltando pra casa, mesmo que eu parecesse estar indo embora desde sempre.
- Eu já assisti a este filme.
- Não, ele não tem fim. Sem fim, sem créditos. Sem créditos, sem diretor, sem elenco.
- Eu ficaria com você até o fim.
- Eu te esperei muito, Fulano. De fato, te amei mais do que mil rosas vermelhas em dia de Sol. Mas você não trouxe guarda-chuvas e eu não pude impedir que se molhasse. E dessa água que te falo, demora pra secar.
- Eu cometi o grande erro de tomar minhas conclusões baseado em poucos fatos.
- Eu fui o maior e menor fato. Estive aqui pra seu estudo. Você chegou no fim do expediente e a essa hora os procedimentos voam. Vou te dizer: outro dia você me disse que nunca me levaria pra sua casa, porque a sua mãe ia me amar. Eu desconfiei impiedosamente da sua indiferença. Você sentiu medo. Eu também, mas enfrentei um mundo todo por isso.
E às vezes nem era você, era amor. O amor me deu força pra enfrentar muitos medos, e eu achei que fosse alguém, mas sempre fui eu e só.
- Eu vou te amar pra sempre.
- Eu sei disso. Eu também vou. Mas não há maneira de nos mantermos lado a lado. Eu saí daqui faz tempo e não há sentido algum em relaxar a minha cabeça nesse colo pelo qual muito pedi.
- Não existe saudade nesse coração?
- Todo espaço seria pouco pra caber. Mas não existe unidade de medida de saudade. É relativo e eu não faço questão. Te senti em cada parte do meu corpo mas não posso dizer o que senti fora dele. E todo calor que existia era externo, porque estoquei o sentimento onde eu não pudesse destruir.
- Você foi embora de mim. Eu sempre quis nunca ir.
- Eu fui embora ontem. Hoje nem se quer estou aqui, lembra-se que eu apenas tomava um café? Não existe mais espaço para estar também. Os lugares fogem quando não há motivos suficientes pra ficar.
- Eu guardei suas fotos em segredo. Tenho ciúme que o mundo saiba o quão bem você me faz sentir. Você pressiona as bochechas quando o sorriso é profundo, já percebeu?
- Antes de chamar o garçom pra outro drink, tome um pouco de vergonha na cara. Acho que ainda tenho um pouco aqui na bolsa. Promto, aqui. Agora guarde essas fotografias, eu precisei insistir tanto para tirá-las que agora chega a ser humilhante lembrar. Você nunca fez questão de me registrar.
- Eu registrei demais. Queimei minha agenda e fui viver longe do roteiro. Registrei meu reflexo dentro dos seus olhos em high definition. Não me julgue assim.
- A mais julgada sempre fui. Demonstro amor desde que os tempos são tempos e tudo o que restou foram fotos sem a paixão que eu esperei receber. Me queira menos, eu não dormirei. Vou viver o ontem, hoje e amanhã sem fim.
- Não sente frio? É por isso do café?
- O café tem sido minha companheira constante. Eu entendo que nunca queira me perder. Mas bem me recordo que você nunca se esforçou pra me ganhar. Por um descuido, por um escorregão em uma nota musical, um verso sem contexto, justo hoje resolveu ficar.
- Fique também.
- O meu eu enviou condolências, mas não posso esperar. Eu nunca deixei de me atrasar, mas estou saindo agora bem no horário. Talvez eu demore pra sempre pra voltar.
- E esse amor que eu nego tanto?
- Guarde no bolso interno do paletó. Vá se confessar.
- Bendita seja você, dona de lindos olhos que não saem dos meus sonhos.
- Sou prova viva e te afirmo: é inútil dormir. Essa dor de amor não passa nem no sono, muito menos sonhando com olhos castanhos. Mantenha-se firme. Be strong. Reveja nossas cenas de olhos abertos. Relembre essas falas. De longe serei ainda mais bela, pois parto neste mesmo momento. O café é por minha conta, os gastos financeiros nunca chegarão aos pés desse gasto sentimental que desde sempre me custou muito caro.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Pessoas importantes tem imagens subjetivas, frases ao vento. Pessoas importantes são um copo, a parte de um olho, uma mecha de cabelo, um filete da barba por fazer. São ligações sem sentido à tarde, são convites destemidos ao amanhecer. Não são o rosto estampado na foto, o @link, a #hashtag. São o momento, a gargalhada, o sol, aquilo ali. O reflexo despercebido, o sorriso de olhar cabisbaixo, a vergonha pelo sim. São um cardápio de opções infinitas por um mundo melhor. Pelo seu mundo melhor, pelo meu, pelo nosso, pele nua. Uma frase no canto de um papel importante, registrado no bloco de notas, guardado na memória. Pessoas importantes não tem nome, nem endereço, nem telefone, mas tem tudo e mais um pouco do que é meu.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Paixão é carnaval.
Esperado, avassalador. Tira o sono, causa dores. Faz gastar mais do que tem. Maltrata o fígado. É florido. É pelado. É sem-vergonha. Faz embelezar. Tira a roupa. Deixa sorrir em dia de cinzas. Flutua o corpo. Embebeda a alma. Enlouquece. Elimina a razão. Esquece que existe perdão. Acredita no novo, no azul, no doce.
Carnaval é corpo suado, desconhecido, colado no grito desesperado de um trio-elétrico. Apaixonar-se não é o mesmo? É deixar-se suar no calor do momento, mesmo que incerto, ao grito desesperado de qualquer som.
Apaixonar-se é aventurar-se no que se sabe que vai terminar. Já diriam Los Hermanos: todo carnaval tem seu fim.
Todo beijo apaixonado tem fim, toda marcha carnavalesca também.
As paixões sempre voltam e já tem carnaval de novo ano que vem.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Ela é sim, cheia de defeitos, assim como você. Mas, precisamos concordar que a maior qualidade que ela tem, é não esconder nenhum deles. E em terra de falso, caminhar ao lado dela é ser da realeza. 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Do Aurélio:
Loucura: substantivo feminino - demência, doidice, distúrbios da mente, daquele que perdeu a razão, insensato.
Da Yasminn:
Loucura: substantivo para os femininos e masculinos - daqueles que permitem carregá-la consigo, dos atentos, dos capazes, dos corajosos. Dos fora da reta, dos anormais, dos destemidos. Dos incomuns, dos sorridentes, dos doidos, malucos. Dos sem juízo, dos com muito juízo. Dos ousados, dos audaciosos, dos valentes. Dos que eu admiro. De mim.


quarta-feira, 24 de julho de 2013

Eu estou cheia de vontade de correr até a sua casa e dar o abraço que eu não dei. De gritar com você até você me mandar calar a boca. De te esmurrar fingindo que estou usando toda a minha força até você sorrir me abraçar e esperar que eu me acalme. Mas pelo amor de Deus não me diga que está tudo bem. Eu sei que não está. Você sabe que não está. Eu preciso desentalar da minha garganta toda a raiva que eu sinto de ser tão troxa. E não me importa que eu já tenha gritado isso pros quatro cantos do mundo enquanto eu não te disser o quanto eu odeio ter passado por tantos dia a sua espera. O quanto eu odeio não saber reagir. E que eu, em minha sã consciência, teria feito diferente, mas eu sou idiota quando não penso. Perto de você eu não penso mesmo, só fico me esforçando pra não te afastar do mundo e dizer sem fim todo o meu discurso. Eu corto os pensamentos diretos em você o tempo todo, mas quase nunca adianta. Eu tenho um grande problema com coisas mal resolvidas. Você não é assunto resolvido, mas é muito mau.

18 de agosto de 2011
Dói. A minha alma dói. Dói porque eu lembro dos seus olhos me dizendo que volta. Me prometendo que volta. Que eu não preciso sofrer, que o tempo passa, as coisas vão, mas você vai voltar. Em todos esses anos, nada foi melhor do que ouvir que eu sou a excessão à sua regra. Que eu não deveria temer ninguém, porque depois e no fim, acabamos juntos e sempre.

"Eu vou deixar você procurar em todas o que você só vai achar em mim." TB

16 de janeiro de 2012
Apaguei 100 pessoas do meu facebook hoje. Passando foto por foto, passei pelo seu perfil e fiz uma força imensa pra não clicar. Como se eu não o fizesse dia após dia na amarga esperança de encontrar uma frase nossa, uma música nossa, um sonho nosso.
Eu vou tirar meu site do ar. Hoje eu tenho alguém, não posso mais escrever sobre você ao público, mas não consigo mais segurar em mim tanta coisa. Você não faz ideia de como eu me sinto incrivelmente burra por acreditar em um retorno. É doído. Mas eu sinto você aqui nas músicas, nos gestos, nas lembranças. Não dá pra te apagar da minha vida, ainda que eu tenha jogado fora tudo o que era seu. Até as fotos.
Já faz um tempo que eu não te tenho e sinceramente não sei porque ainda sinto saudades. Mas você me segurava, me controlava. Espancava-me com palavras que me doíam no mais fundo da minha alma, mas que me erguiam do mais profundo inferno. Eu já disse um milhão de vezes que não sei o que você tem, mas volta. Eu estou há meses tentando, mas acho que não conseguirei viver sem colocar um fim nessa meia-história que criamos.
Eu posso ouvir sua voz ao lembrar do nosso último jantar. "As pessoas me perguntam de você e eu digo 'foda-se, não sei'. Mas não é foda-se. Eu me importo. E eu sei que você vai voltar pra mim"
AAAAAAAAAH! Por que é que você me judia assim?

01 de fevereiro de 2012

Pisquei. Abri os olhos e eu estava em um ambiente fechado, rodeada de pessoas. Um copo de cerveja gelada na mão. Três telões transmitindo a semi-final Itália x Espanha da Copa das Confederações. A Itália colocou na rede a bola do quinto pênalti. A bateria da faculdade fazendo a trilha sonora daquele momento tenso que decidiria quem vai jogar com o Brasil domingo na final. A luz era azulada, tudo um pouco escuro. Olhei pra baixo. Era eu, com uma roupa confortável. Era uma cervejada de fim de semestre. Depoisda tempestade, vem a bonança. Tudo o que eu consegui me perguntar foi: por que mesmo que eu fico tão triste de vez enquando?
O jogo acabou, a Espanha venceu. Uma pena. Aqui em São Caetano é todo mundo um pouco italiano. Mas a festa continua, afinal, estamos comemorando o fim das provas do semestre. Sorria, meu bem. Sorria. Era o que eu não conseguia deixar de fazer. Cerveja free. Perdei a conta de quantos copos tomei.Tive a impressão de que nunca fez efeito. Talvez seja porque eu comi quase dois mil espetinhos de carne na farofa. Ou talvez porque eu queria tanto que aquilo não passasse nunca, que eu queria continuar sã. Olhei no celular: 20h. Ainda tem festa pra caralho. Inventei de misturar vinho, pinga, vodka. Sabe lá Deus porque. Topou hip hop e eu desejei estar no Bronks. Estive com um menino que não tive nem coragem de perguntar o nome, de tão bonito que era. Recusei chamas do celular. Desliguei o 3g. Não respondi sms. Eu mereço um pouco de espaço, não?
No camarote com duas amigas achei que o mundo acabaria no meu rebolado desengonçado. Dancei sem amanhã. Fui ao banheiro, limpei o lápis preto do olho. Voltei. Dei de cara com a ex do meu ex. Tomei mais 15 litros de cerveja. Dei de cara com a ex melhor amiga do meu ex. Pensei nele. Bebi cerveja. Me perdi das meninas. Dancei um pouco mais. 
Sentei. Liguei o 3g e pra minha infelicidade, abri o intagram. Carregou (por um milagre) a foto de uma famosa que eu sigo. Os pés, um lençol branco volumoso e um livro. Bateu a bad. Bateu porque eram dez da noite e eu sabia que a minha irmã estava me esperando no sofá. Porque embora eu adore a farra, eu sei que amanhã isso aqui vai ser só uma foto e um passado. Os garotos bonitos serão um borrão na lembrança. As músicas talvez nem sejam lembradas. Todos os espetinhos e cerveja serão eliminados. Amanhã tudo o que eu vou ter serão meus livros, meus pés e minha cama.
Eu quis ir embora nesse exato momento. Mas estou de carona. Achei as meninas. Fui involuntariamente obrigada a me animar. Dancei uns rios. Usei o banheiro exclusivo. Bebi mais cerveja. Descobri que o algodão doce tinha acabado. Descobri também, que para minha sorte, já tinham desmontado o touro mecânico. Acenderam as luzes. Deu vergonha. Vambora.
Andei uns dias e cheguei no carro. Alguns comentários pejorativos e ela deu partida. Cheguei em casa em 5 minutos. Olhei no espelho do elevador. Nem um milagre melhoraria esse cabelo ensebado, a rouba com manchas do alcool e o rosto com a maquiagem borrada. Sorri na tentativa de amenizar como é que eu me sentia por dentro. Em menos de 1 segundo passou. Descobri só aí que eu estava bêbada. Era meia noite e a minha irmã olhou com olhar cansado quando eu abri a porta.
Fiz algumas obrigações fraternas e encontrei com a minha cama. A pequena dormiu comigo. Eu, ela e o meu bafo de balada universitária.
Hoje eu deitei no sofá e li um livro.

28 de junho

terça-feira, 23 de julho de 2013

Você disse que não me levaria na sua casa porque a sua mãe ia me amar. E aí eu desconfiei impiedosamente da sua indiferença. Você sente medo. E eu também. Impiedosamente.


segunda-feira, 22 de julho de 2013

pessoas muito-mais

Por um mundo com mais pessoas que consigam fazer com que eu desligue o som do meu carro. Porque é muito mais interessante ouvir o que você tem a dizer, ou ocupar o barulho apenas com o que eu quero dizer. Por um mundo com mais pessoas que me tirem de casa mesmo na véspera do dia que promete ser o mais frio do ano. Por mais pessoas que passem a noite inteira em claro para poder ver clarear. Por mais pessoas que eu possa visitar sem aviso prévio. E que eu seja recebida com beijos e abraços calorosos. Por um mundo cheiinho de música que dão taquicardia de tanta vontade de viver que despertam. Por domingos com mais Heineken e menos ressaca na segunda. Por um mundo com mais pessoas que usam meias de par diferente. Por passagens online pra Marte. Por mais biquínis e menos “vê se eu fico gorda”. Foda-se, eu sou divertida. Por mais pessoas que se ofereçam para me buscar no trabalho. Por mais poesias. Por mais pessoas que me inspiram a escrever textos de linhas infinitas. E que me inspiram a deixar o celular de lado pra observar qualquer coisa supostamente banal. E que escrevam. Por mais pessoas que sabem admirar um dia de céu azul. Por um mundo com mais chopp às quartas-feiras. Por menos despertadores. Por mais pessoas com menos medo. E que digam mais “Sim”. Sim pra si mesmos. Sim para os outros. Sim para as oportunidades. Por um mundo com menos pessoas que enviam sms escrito “sinto saudade” por mais pessoas que dizem “to na porta da sua casa, vem aqui fora pra eu te ver?”. Por um mundo em que não é preciso pedir por paz, saúde e educação. Só pelo simples fato de todos esses serem básicos. Por um mundo inteirinho de gente que lê livros e acha que é melhor amigo dos personagens. E que é cheia de assunto por isso. Por mais pessoas que aceitem meus programas de índio. Que fotografem coisas sem sentido aparente. Que fotografem rostos misteriosos. Por mais pessoas que não querem dormir no domingo pra não ter que acordar na segunda. Porque viver é tãão mais interessante que dormir. Por um mundo com mais pessoas que se permitem fazer parte de um mundo com pessoas “muito-mais”.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Infelizmente não foi como sonhei. Utopia de um sonho bom. Planejei, esquematizei, sonhei, consegui. Eu escolhi o que estava no topo da lista, subi um degrau por vez e consegui. Eu atingi meu objetivo, mas foquei demais em um ponto e quase nunca me preocupei em saber no que vinha depois.
Depois de colocar os dois pés no último degrau, no alto da escada, me deparei com uma porta. Preocupei-me demais em chegar lá e não no que havia do outro lado da fechadura. Me danei. Fui com sede demais ao pote e admito: estou decepcionada. Muito difícil, mas sempre existirá o caminho de volta - a descida. Recomeçar do zero e procurar saber o que há atrás das portas antes mesmo de bater.
Eu sofro, mas é preciso ser realista o suficiente para reconhecer que existe a necessidade de tentar outra vez. E dói. Eu tenho orgulho de voltar, mas dói.
Peguei minhas coisas, vou voltar para o início, ainda que sem saber qual caminho trilhar. Difícil voltar o incerto, mas quem disse que precisaria ser? 
Hoje estou de volta ao escuro, mas tenha certeza de que volto.

12 de março de 2012
- ao cancelar minha matrícula na Fundação Cásper Líbero, o meu maior sonho realizado por mim mesma até então.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

O melhor de estar deitada no meu peito é que, após longos períodos de silêncio, o seu coração dispara quando eu forço a minha mão contra a sua. E você nega impoedosamente. Sorri e sossega. Rega a minha alma. Eu durmo sem pressa.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Fiz pré julgamento de muita gente que caminha do meu lado hoje. A verdade é que sempre existe algo em alguém que gostaríamos de ter, ou então algo com o qual não sabemos lidar. Mas nunca existe algo que não possa ser abordado de maneiras diferentes. Não, não é possível ser amigo do mundo todo, mas existe total possibilidade de viver em harmonia. No fim das contas, a gente só está aqui nesse mundo um pouco perdido, meio assustado, procurando por qualquer coisa que faça sentido. É tudo uma busca e não faz sentido cultivar inimizades. Aprendi, finalmente, que, em absolutamente todas, todas as histórias existe ao menos duas versões. Cometi o grande erro de tomar minhas conclusões estando ciente de apenas uma delas. Não é justo comigo mesma plantar uma raizinha da discórdia em mim por causa da história que alguém viveu com outras pessoas, ou por algo que ouvi dizer.

Não quero fazer parte de estatísticas, muito menos de tipificações esteriotipadas. Só vejo sentido em gostar sem sentido. Não tem motivo pra ter afinidade com alguém. Não tem motivo pra deixar de ter, também.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

E, no fim de todas as contas, eu não sou o quanto eu gasto em um objeto ou lazer. Eu sou aquilo que eu consigo absorver com isso. E, acredite, não é proporcional aos dígitos do preço total. 

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Hoje me dei conta, moro há dois anos nessa casa e só liguei a tv do meu quatro uma vez.

terça-feira, 18 de junho de 2013

5º Grande Ato SP

Dia 17/06/2013 - Eu estava lá. Pra quem quiser saber, eu estive entre as milhares de pessoas que caminharam pelas principais ruas de SP. Cara, é muito diferente quando você é um deles.  Desci com minha galera nas Clínicas (que é uma pernada até a Faria Lima) e quando chegamos no Largo da Batata eu nem sabia que já estava lá, porque era tanta gente deste a Teodoro que eu fiquei perdida. Quando eu olhava pros lados, não havia nada além de prédios imensos e pessoas sem fim. Estar na manifestação no dia de ontem era olhar pra trás e não ver fim, olhar pra frente e não fazer a mínima ideia de onde começava. Mas sabíamos que estávamos indo. E só o fato de estar era acolhedor. Um dos fatos é que era muita gente diferente - raças, crenças, opções sexuais distintas e não houve atrito. O olho do paulista estava tão focado no “se fazer enxergar” que nenhuma justificativa seria plausível para qualquer tipo de desentendimento. Confesso ter ficado chocada com a educação dos meus companheiros de rua. Nem de longe parecia aquele povo cansado que se espreme de cara feia na linha vermelha às 18h diariamente.
Depois de andarmos infinitos pela Faria Lima, passamos por uma construção espelhada bastante comprida, na qual era possível ver o reflexo daqueles que passavam por ali. Incrível é uma palavra que descreveria facilmente a sensação que senti quando olhei e vi aquele rio de gente. O coro era uma sintonia de arrepiar, todos gritavam “uau”, porque não fazíamos ideia de em quantos estávamos. E olha que aquilo era uma porcentagem tão pequena do total.
O melhor momento, de longe, foi quando depois de muuuita caminhada, chegamos na parte alta da Brigadeiro. Olhar para trás era incentivo pra subir um Everest. Arrepia só de lembrar. Eu sabia que já tinha subido muuuita gente e que atrás de nós havia pessoas que não tinha fim mesmo!
Mas além de todo o trajeto, com todas as cantorias e pulinhos pelo caminho, algumas coisas me chamaram mais atenção e me emocionaram mais do que a população na rua como um todo. Por exemplo, as várias pessoas que nos assistiam das janelas com panos brancos – em especial um garotinho saltitante de uns 13 anos que exalava uma motivação incomparável. Outra coisa foram alguns ônibus que ficaram parados pelo caminho e estavam forrados de post-it com mensagens – tão diferente dos piches antes imaginados. E não posso deixar de citar os bem-humorados motoristas que ficaram pelo caminho – alguns fora do carro, outros sorrindo e acenando o apoio.
Eu queria conseguir descrever a sensação que foi estar ali e receber a notícia de que no Rio tinham 100 mil nas ruas e – melhor – que em Brasília a galera tava no Congresso. Eu nunca quis tanto um teletransporte. Tudo o que eu conseguia pensar é “Tá acontecendo!” e eu dizia pras pessoas que estavam comigo “Esse dia é histórico” e realmente é, pelo menos no meu coração eternamente será.
 Por fim, depois da Paulista voltamos pra casa porque o cansaço era maior. Mas não tão grande quando a manifestação pública que tomos as ruas da capital ontem. Não sabíamos que alguns estavam na Marginal e nem qual era a abordagem jornalística para aquilo que tínhamos acabado de fazer, mas uma coisa era certa: a imagem daquilo que vi, o som de tudo aquilo que cantei e tudo o que senti, não tem nada no mundo que paga.

Foi, sem sombra de dúvidas, o dia mais memorável de toda a minha vida. Foi lindo, foi amor, foi Brasil.

Foto da internet - Congresso Nacional em Brasília

Foto da internet - Largo da Batata em São Paulo.
17/06/2013 - 5º Grande Ato contra o aumento das passagens do transporte público em São Paulo.
Outras cidades do Brasil manifestaram-se nesta mesma noite como Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre entre tantas outras. Cerca de 300 mil pessoas estiveram nas ruas. O protesto deixou de ser R$ 0,20. 

sábado, 15 de junho de 2013

Sonhei que estava com você. Como se eu não morresse um pouco cada vez que noto que você não está ao meu lado.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

0,20

No meio do caminho tinha um povo
Tinha um povo no meio do caminho
Tinha um povo
No meio do caminho tinha um povo.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha um povo
Tinha um povo no meio do caminho
No meio do caminho tinha um povo
Que só queria o direito à uma vida mais justa.

(No Meio do Caminho - Carlos Drummond de Andrade - adpt Yasminn)

terça-feira, 11 de junho de 2013

This valentine's day.

Se eu pudesse gratuitamente dar um conselho no relacionamento de qualquer pessoa, esse seria: constantemente olhe e enxergue a beleza mais profunda que existe em quem vem trilhando passos próximos aos seus nos últimos tempos. Se vir algo realmente bonito, keep walking. Mas, se a beleza estiver ofuscada como consequência do tempo, try again. Seja sincero com você. Se não houver futuro, seja sincero com o próximo também. Não o magoe. Nem se dê ao luxo de mantê-lo ao seu lado porque é cômodo. Mais uma vez, seja sincero com você. Embora seja delicioso ter alguém, isso não os torna um. Considerar-se, posicionar-se e agir como um ser individual faz toda a diferença hoje e sempre. Defenda-o quando puder, mas seja sensato. Relacionar-se pelo simples fato de "ter alguém" não lhe dá o direito de usar ninguém. E antes que eu me esqueça, segurar a mão de alguém é incrível, mas ter duas mãos livres é impagável.

domingo, 2 de junho de 2013

Eu achei. Acredite em mim, ou não acredite em nada. Eu achei qualquer coisa que eu tenha perdido que me fazia pensar. Aquela coisa lá, que você dizia que me fazia escrever os meus textos. Com toda aquela pontuação esquisita, com frases sem nexo. Só porque ninguém entendia o que eu queria dizer a não ser por quem eu ironicamente escrevia. Há quatro meses não consigo finalizar um texto. A ideia é ótima, o sentimento é genuíno, mas não sai. O bloco de notas no icloud tá cheio de duas frases medianamente construídas. Nenhuma porra de parágrafo. Você percebeu? Eu parei de buscar. Só porque eu acho que você engravatou demais e não vai enxergar minha alma caso eu bata no seu portão e chore no sofá. Eu desejo tanto que você existisse. Aliás, me fala uma coisa, você existiu mesmo? Porque eu me lembro de alguém que me roubava beijos nos meus relacionamentos nas cidades vizinhas. Eu lembro de alguém que não dizia nunca o que me queria, mas aí se dizia um quase insonoro "vem" eu já tinha trocado todos os passes de ônibus intermunicipal. Que deitava no meu colo e às vezes nem falava nada, mas era como se dissesse tudo só porque piscava na hora certa.
Eu só tenho 20 fucking anos, mas eu juro que te amei. E é sério. Eu acho que ninguém nesse mundo me entende, sabe? Ninguém vê o que eu quero quando falo dessas coisas loucas que passam na minha cabeça e que só você soube até o fim. E soube só porque eu achei que você ficaria. Que ficaria até eu dizer chega. Só que eu não disse nada, idiota. Você tinha medos. Eu lembro. Você me disse duas ou três vezes que não ia me perder.
Agora eu tô aqui, louca de vontade de viver o mundo e a vida de um jeito filho da puta de lindo. Tatuando os amores, transando pelos cantos, rindo das dores. E cadê você?
Você que é tão perdido quanto eu, ainda não cansou de dançar essa valsa sem graça de sapato fechado e paletó? Vaamos que ainda dá tempo de ver o sol nascer em outro estado. Vai, eu te deixo ir buscar o violão. Assim a gente corre e você toca mais uma pra mim.
Vamos porque eu ainda continuo desesperada de vontade de gritar em 15 idiomas how fucking good this life can be. Só pega umas cuecas e duas camisas, podemos fazer um varal na bicicleta. Não temos tempo a perder.
Vem cá que eu continuo sendo sua. E só.

sábado, 27 de abril de 2013

Por qualquer misericórdia, alguém me diz porque causo toda vez que eu me arranjo com alguém você aparece? Por qualquer milagre, alguém me diz porque causo sempre os comparo com você? Por qualquer realejo, me diga alguém por que raios ninguém chega aos seus pés?

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Eu não estou bem. Eu não tô bem. Eu-não-tô-bem! Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu não tô bem. Eu-não-tô-bem. Cada lágrima é um grito desesperado por socorro.



terça-feira, 2 de abril de 2013

Ele me beijou porque eu escrevia. Mas beijou na testa, beijou sentido. Me olhou nos olhos. Bastava mais um "Eu adoro seus textos" e eu já estava chamando um táxi para ir direto para o cartório formalizar o relacionamento.
Deu frio na barriga. Fiquei com medo, mas segui de mãos dadas. É diferente quando você se relaciona com alguém que escreve também. Pessoas que escrevem costumam conhecer mais a si mesmas e por isso se conhecem cada dia ainda menos. Ou vai ou raxa. Duas almas inqueietas que transformam alguns sentimentos em letras. Me soa como perfeição.
A princípio foi fácil compreendê-lo. Era doce. Poeta. Eu nunca fui boa com rimas e chorava largada nos improvisos sensíveis que ele fazia no meu pé de ouvido. Beijava firme, com gosto, com força. Os seus lábios, carnudos. Os olhos, grandes brilhos castanho-esverdeados. Ao olhar pra eles eu sabia que ele via a minha alma por ali, mesmo que eu não dissesse uma só palavra. Não existia a possibilidade - fingir.
Ele me via além dos parágrafos e pontos finais. Ele lia as entrelinhas, as vírgulas e até as inexistentes falhas de concordância. Sabia no meu passar de mãos se estava tudo nos conformes.
O "tal" que eu conheci em um dia chuvoso e aparentemente sem graça, me apresentou uma biblioteca particular de cair o queixo - e não era no iBook. Acho que li Chico Buarque umas quinze vezes depois dele. Adorava Vinícius e foram domingos agradáveis ouvindo Caetano. Teve um dia que eu tive certeza que ia morrer de amores.
Uma vez, na fila da padaria, um senhor disse que faríamos um bom cartaz do filme do ano. Pode parecer grosseiro, mas sabemos que é verdade. É bonito de se ver - eu e ele, ele e eu.
No fundo eu nem queria dedicar um texto inteiro. Só porque eu sei que ele vai ler, reler e me enviar um email com as frases que ficariam melhores se escritas de outra forma. E eu vou ficar P da vida porque é de coração. Digo desde já: nada que é criado com afeto permite correção. O mundo inteiro que me desculpe, mas não vai existir isso de eu não deixar sua marca na minha coletânea-de-textos-avulsos-inspirados-do-nada.
Até porque, convenhamos que ninguém mais no mundo vai me trazer três barras de Milka na calada da noite e CD's de MPB lacrados com etiqueta promocional das Lojas Americanas. Nem ninguém que recite frases minhas de cor e de olhos fechados porque aquele conjunto de palavras o tocou de algum modo. Muito menos alguém que depois de todas as minhas crises ainda vai querer olhar pra mim, passar a mão no meu cabelo e confessar que eu sou diferente de tudo o que ele já viu.
Nosso amor durou uma meia dúzia de semanas. Com direito a uma meia dúzia de abraços tortos depois. Uma meia dúzia de frases soltas. Meia dúzia de bombas de insulina. Era doce. Doce demais para minhas sofridas e naturalmente açucaradas veias vermelhas. Taí uma foto desfocada da janela do meu quarto pra provar. Ele sabe, eu sei, era bonito demais pra ir adiante.


quarta-feira, 20 de março de 2013

É amor. Agora. Daqui a pouco. Enquanto eu brigo pra você ir tomar banho. Enquanto você me ganha no biquinho. Enquanto eu adoeço e você me traz leite com Nescal na cama. Enquanto eu ajoelho pra pedir por ti. É amor. O tempo todo. O tempo que for. Meu eterno amor ♥

terça-feira, 19 de março de 2013

Amizade não existe. Companheirismo não existe. Não importa o quanto se faça. Não importa se você se desdobrou. Se você cuidou. Cativou. Agiu sempre como achou melhor. Se você abriu a porta da sua casa, do seu quarto, do seu coração. Não importa. Não vale de nada se você surrou, sofreu, curou. Nem se você assumiu uma culpa nível acidente de trânsito e achegou a assinar um BO por isso. Não. Cara, não importa. Não importa se vc buscou na madrugada. Se você emprestou algo valioso. Se emprestou dinheiro. Nem se vc entrou no vermelho pagando aquela noite só pela companhia. Não vale de porra nenhuma se vc defendeu aquele nome nas mesas de bar. Se você fez o marketing na família. Vale o caralho se voce se estrepou para fazer algo dar certo para aquela pessoa. Nem se vc engoliu coisas que nao concorda, só pra não perder a amizade em si. Nao importa nenhum ato. Vocês sao vazios.

21 de janeiro de 2013

segunda-feira, 18 de março de 2013

São dez e alguma coisa da noite. Estou com 38.6° de febre. Hoje é segunda-feira, mas eu não tomei nem um gole de cerveja no fim de semana. Não, eu não estou sofrendo as consequências da baixa imunidade causada pela farra. Eu só estou tentando me manter quente enquanto minhas mãos congelam para escrever alguma coisa nessa foto que acabo de tirar. Eu deveria estar dormindo, mas já tomei dipirona líquida e minha mãe riu de mim só pq eu morri de rir pq tinha que tomar essa porcaria. Eu não sei pq eu ri, mas me deu vontade e eu mostrei a língua pra minha mãe fazendo "hê". Ela disse que eu fico grog quando com febre. Acho que ela esteja certa, talvez. Afinal, eu quero salsicha sem molho com catchup pq de repente estou cheia de fome. E afinal, pq escrever se estou me afundando na loucura causada pela alta temperatura em que meu corpo se encontra? Eu estou escrevendo pq essa é a coisa que eu mais gosto de fazer na vida - depois de comer e dormir pq tb não sou boba! - e também a coisa que eu acho de melhor. Mas tem que ser sincero, como agora. Eu aprendi que eu gostava de escrever quando alguém me disse que eu era boa nisso. Uns dois ou três anos atrás. Essa mesma pessoa, pouco tempo depois, teve suspeita de gripe suína, lá naquela época. Acho que nunca vou esquecer o dia que ela me disse que quando estava a caminho do hospital, viu uma loja de tapetes, se não me falha a memória, com meu nome. Automaticamente, lembrou de mim e me elegeu a oradora da sua carta de morte. Alguém me explica porque que quando ficamos doentes, temos um medo intenso de morrer? Enfim, ele me elegeu pra ler tudo o que ele gostaria de dizer às pessoas, se morresse. Tirando a situação trágica, me senti lislongeada por ser, ainda que apenas em mente, eleita para ler suas últimas e mais sinceras palavras. Comecei esse texto por essa pessoa. Atualmente eu não deixaria recado pra ninguém, porque aprendi a deixar meu sentimento com cada um a cada despedida. Mas existe uma pessoa que eu gostaria de dizer que eu teria feito diferente. Eu teria ligado de volta e desrespeitado todas as suas recomendações. Eu teria te abraçado mais vezes pra chorar, pq vc sabe que eu sou uma cachoeirinha nos seus braços. Em suma, eu apenas não teria te deixado ir por relacionamentos ou conselhos quaisquer. Eu só teria te mantido ao meu lado, como sustentação. Mesmo com todas suas namoradas e meus pirralhos, eu teria te mantido, pq o que eu tenho por você é ma outra do que tudo isso. São madrugadas no teu colo chorando as mágoas dos meus outros amores e escutando as suas também. Mesmo sabendo que não existiria nada além de eternas confidências. Eu sinto falta de alguém que briga comigo como vc faz, pq eu preciso mt disso de vez enquando e é por isso que eu sinto sua falta. Eu fiquei covarde sem você. Aproveito, portanto, a lucidez que a loucura da temperatura me causa pra registrar que, mesmo que não seja agora, quando eu partir, quero que você leia pro mundo o quanto eu fui feliz por viver.


01 de outubro de 2012

sexta-feira, 8 de março de 2013

Boa noite, doutor.
Eu sei que a sala de espera está lotada. Que tem um monte de gente só querendo uma solução pra dor, ou um aviso de que não será a morte, desta vez. Eu sei que eu pareço perdida com esses cabelos soltos e pouco úmidos pela chuva, e pela sombrancelha sem fazer e unhas roídas até o máximo. Mas eu só preciso de um favor.
Fui à dois hospitais hoje na busca de um papel que me ateste o dia de hoje. Tomei duas injeções na bunda e qualquer coisa na veia do braço direito. Era dor de cabeça, garganta inflamada e boas pedras no meu ombro. Mas não foi o suficiente pra me liberarem das minhas obrigações pelo resto do dia de hoje. Não eram muitas, na verdade. Procurei os médicos depois sa aula, sou boa garota. Eu estava com muito sono, mas assisti minhas aulas na faculdade e em seguida avisei no trabalho que não iria.
O fato é que eu nem se quer almocei antes de buscar pela minha carta de alforria do trabalho de hoje. Eu sei que é sexta-feira, são oito da noite e você, sem dúvida, acha que eu vou partir pro centro da cidade e beber até cair, ou me drogar com qualquer coisa. Mas, sinto lhe dizer que não. Eu só não quis ir pro trabalho hoje. É covardia, me julgue por fugir das minhas obrigações, mas embora eu não tenha cara de garota pobre, preciso trabalhar pra pagar minha faculdade. Eu pago sozinha oitocentos mangos, já com minha bolsa de 50%, diga-se de passagem. A verdade é que eu estou sem estrutura mental pra sorrir 10h das 12 últimas da minha semana enquanto eu só desejo descansar pra ter mais disposição pra ler os mil artigos que tenho pra segunda-feira. Eu não posso deixar o serviço, mas não é possível concicliar minha vida acadêmica com a minha carteira assinada pela CLT.
Eu não tenho crise com ninguém no trabalho. Não faço o tipo que trabalha por hobby e de forma alguma tenho corpo mole. Trabalho horrores, se você quer saber. Estou chorando porque acho humilhante ter vinte anos e ter que passar por três hospitais em um só dia só pra me alforriar de um dia de trabalho. Eu estou mentalmente cansada do mundo pequeno que existe na cabeça das pessoas com quem trabalho. Sou funcionária pública e ninguém tem muitos planos quanto à carreira por la. Vou me demitir antes do segundo semestre desse ano. Te prometo. Quando o fizer, venho te avisar com uma caixa de um bombom que te agrade, só pelo infinito agradecimento de ter me ouvido até agora.
Acontece que trabalho até as 22h e o que eu tenho são só míseros atestados das horas que mendinguei por um "x" no campo "deverá permanecer em repouso no dia se hoje". Desculpe, mas eu não posso ser presa por isso não, né?
Enfim, trouxe os atestados todos, tenho as marcas das agulhas todas e gostaria de te pedir um mísero papel carimbado com sua assinatura dizendo que eu poderia relaxar meus músculos tensionados no dia de hoje.
Eu sou uma pessoa honesta, juro. Estudiosa. Nunca fiz isso antes e tô morrendo de medo de você fazer algo que me doa muito, como um bom tapa na cara de lição de moral. Mas eu não posso, sabe? Não posso simplesmente morrer pelo emprego que não me levará para lugar algum fora os consultórios médicos.
Desculpe, mais um vez... Não tenho mais nenhuma lamentação a fazer.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Não vou trabalhar amanhã. Acho que por causa disso me obrigo um pouco a não dormir cedo. Se não tenho que trabalhar, não tenho que dormir. Enjoy. Tenho só 20 anos em pequenas costas.

O céu está fodidamente bonito. Eu tomei acho que cinco copos de bebida. Não tô normal, mas mão enviei nenhum tipo de mensagem indevida. Acho que superei todo mundo. Todo o resto.

A janela do meu quarto está tão limpa e a Lua está enorme. Não há muito sinal de poluição. Nem de vida. Está calor. Vou dormir sem meias. O céu está roxo. E eu adoro isso. É uma noite linda.

Não quero mais escrever por agora, mas precisava digitar algo. Sou realmente grata por ter ganhado um tablet. Nunca imaginei que eles fossem tão úteis. Tenho rabiscado algumas frases de duas a três vezes ao dia, ás vezes algum texto e isso é mais do que eu esperava depois de tanto tempo de linhas em branco.

São 4:20, ironicamente, da manhã e a foto diz mais do que eu possa descrever exatamente agora.

É linda. A janela do meu quarto.




terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Eu não tenho altura, sou pequena, baixinha... Mas quando te falei sobre como eu me sentia, tornei-me um mulherão de dois metros e meio. Então, acabaram os meus complexos, as minhas neuras, as minhas insônias.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Falem de mim, falem. Gastem suas salivas, seus pensamentos, seus demônios mais profundos em mim. Me culpem quantas vezes quiserem pelas suas próprias incapacidades. Publiquem no jornal a versão popular, que vende igual água. Façam um outdoor em neon com meu nome. Agendem uma data no Casos de Família. Ajam como b-e-m entenderem.

O importante é que vi por meus olhos. E vi por mim mesma, que quem não se prontifica quando eu mais preciso, é que na verdade nunca se importou.
Trá e um tapa na cara pra mim.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A foto é clichê. Mas me deixa usar e abusar da minha câmera? Obrigado.
Eu adoro fotos. Sempre gostei dessa coisa de registrar momentos. Ainda mais quando eles não fazem total sentido. Essa é a janela do meu quarto. Estou nos quatro últimos minutos de uma segunda-feira punk. Trabalhei muito. Portanto, estou cansada. Na verdade, eu estou um pouco morta, mas sempre existe uma força extra pra manter os olhos abertos quando eu quero escrever.
Eu não escrevo sempre, mas janeiro é perdidamente inspirador. Sentada em frente à janela do meu quarto, que fica no décimo quarto andar do prédio mais alto do bairro mais alto da cidade em que moro. A vista é um tanto quanto privilegiada. Ontem tirei a rede de proteção que me impedia enxergar com maior expansão a vista da Avenida Paulista que tem daqui de cima. Eu acho que me apaixonei pela janela.
Eu estou há horas pensando em frente à ela. Em um momento no qual me dedico especialmente às redes de proteção. Eu tirei a literal, de cordas, e joguei fora ontem. Tenho me livrado de algumas outras também. Como o medo infinito que tenho de falhar de novo com a minha vida profissional. Eu não levo jeito pra nada, tirando as coisas que eu faço excepcionalmente bem. Não sei o que eu quero. Eu fui muito peituda quando desisti da melhor faculdade da América do Sul. Doeu. Dói muito. Não dá pra passar pela Gazeta e não pensar: "Caralho, eu desisti mesmo disso tudo?". Eu batalhei muito pela Cásper. Estudei exaustivamente, dias a fio. Mas nada paga o meu nome na lista de aprovados. Eu nunca me senti tão realizada em toda a minha vida, como quando me apresentei no primeiro dia de aula da Nanami. HAHA Foi ela mesma que me fez repensar se eu queria mesmo ser jornalista. Eu não queria. Mas eu tenho alguns problemas com metas: eu sempre as alcanço. Eu chorei horas a fio sentada no escadão mais famoso da Avenida Paulista no dia que cancelei minha matrícula. Eu senti tanto medo. Eu nunca quis ir embora. Mas não dava pra ficar. Eu não sei mentir pra mim. Eu fui embora e chorei calada muitos meses. Não dá pra descrever o quando dói desistir de uma coisa que eu almejei tanto conseguir. Foi punk. É punk. Eu acho que estou apavorada, com receio de falhar comigo de novo. Escolher uma profissão é demasiadamente complicado.
É janeiro. O meu mês predileto e eu estou dividida entre o medo e a realização que eu sinto pelos propósitos que alcancei. Gasto muito tempo pensando sobre tudo: casa, família, faculdade e trabalho. Eu sou intensamente responsável. Dou conta de coisas que até Deus levanta a sobrancelha quando vê. Mas eu sou intensa e eu preciso sentir. Eu preciso olhar pra casa gota do lado de fora da minha janela e pensar se eu quero mesmo estar em alguma das luzes desfocadas no fundo. Eu acho que não quero nada por enquanto. Pode ser? Eu só quero tirar umas fotos e escrever uns textos. Isso me faz mais feliz do que mil barras de ouro.
E, sabe, ainda tenho que lidar com pessoas inconvenientes que gastam tempo demais pensando no próprio umbigo. Gente que se acha esperta, que engana, que se faz. Eu não quero crescer pra ser assim. Estou um pouco cansada do ser humano. Principalmente dos que se escondem. Já dizia Rodox que quem tem coragem não finge. Eu pago rios de lágrimas salgadas por não fingir.
Eu não procuro solução em ninguém. Eu não deposito minhas frustrações nem sonhos em outro alguém. Eu só e simplesmente procuro algum lugar em que eu possa depositar aquilo de melhor que existe em mim. Uma vez me disseram que sou boa em tudo o que faço. E, na boa, não preciso ser modesta, porque é real. Tudo o que a minha mão toca, prospera. Pra glória do meu Deus vivo. Eu sou crente de que eu vou me achar, e até de que estou no caminho certo, entretanto é preciso dar uma pausa vez ou sempre pra refletir sobre os passos que dou.
Eu desisti da maior conquista que eu alcancei por mim mesma e só. Eu adiei pessoas que achei que fossem pra sempre. Mas eu nunca abri mão daquilo que eu carrego no mais profundo da minha alma. As desavenças terrenas podem me tirar tudo, mas nunca os meus sonhos, porque desses eu cuido à sete chaves.
Das redes de proteção que me livrei, como a dos meus olhos, que vez ou outra inevitavelmente se fecham pro óbvio, guardei algumas para o que valorizo.
Bons e direitos passos nunca levam ao caminho errado. Em tempo integral segui meu coração. Erro com frequência. Ainda bem. Mas tenho a mente aberta pra levantar a cabeça e assumir os passos tortos que dei. Estou começando uma caminhada nova, ainda que seja muito parecida com a antiga. Vou tentar outro curso, vou trocar de emprego e vou cuidar das preciosidades que tenho. As redes de proteção são muitas, mas nenhuma rede é tão protetora quando eu mesma. Eu cuido de mim, daqueles por quem prezo e o restante Deus me presenteia com conquista aos poucos.
As gotas permanecem na janela. O chão ainda está molhado. As coisas não mudam simplesmente porque eu quero, mas porque elas simplesmente precisam acontecer.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Sábado. Eu não ia sair de casa porque estava sem grana. Mas era sábado e o carro tinha gasolina o suficiente pra ir pra longe. Não é o lugar pro qual costumo ir. Eu prefiro casa de amigos, cerveja, UFC, vídeo-game e umas boas risadas. Mas estava calor e eu fui pro bar. O motivo maior era a cevada, arrumar umas garotas e até, quem sabe, uma transa no fim da noite. Mais dois amigos e eu estávamos sentados em uma cadeira de montar de madeira, fazendo o pedido de sempre, sem abrir o cardápio, porque gosto de mostrar segurança até quando não existe ninguém que perceba. E era sábado, calor, um bar, música ao fundo, muitas pernas de fora, vozes, risadas e eu estava me divertindo. Até que, em um relance de olhar, percebi um rosto conhecido. Voltei a cabeça, olhei. Era ela.
Era você, a garota bacana que eu peguei por uns tempos. Foi o que eu respondi quando um dos meus amigos me perguntou o porquê da cara de fantasma. E eu me perguntei há quanto tempo não te via. Você emagreceu. Cortou o cabelo. Eu adoro mulheres de cabelo curto. Mas você fica melhor morena.
Ele te reconheceu, acenou e você e as outras quatro amigas estavam olhando pra minha mesa que ocupava apenas três caras tomando cerveja. Eu quis morrer. Queria te observar um pouco mais ainda. Absorver o fato de você estar a tão poucos metros de mim e eu não lembrar com certeza de pontos como é o seu beijo na boca. Mas eu levantei e cumprimentei a mesa toda antes de você, só porque adoro ver a sua agonia me observar pelo canto do olho enquanto me apresento com toda a simpatia existente no planeta suas amigas. Você me abraçou forte, mas fez como sempre: foi genérica a princípio. O seu cheiro. Egeo Dolce, mais uma respiração e eu estou me arrastando aos seus pés. Mas me mantenho na vertical, enquanto você já sentou mostrando que não tem muito interesse em conversar. Não sugeriu que juntássemos as mesas.
Você não usa aliança, mas tem unhas nas mãos, uma novidade. Está bem vestida, mas nem de salto alto consegue olhar nos meus olhos sem inclinar a cabeça. Eu mentalmente penso na roupa que estou e inevitavelmente na cueca que estou vestindo. Desculpe.
Pouco mais de uma hora depois e eu esqueci de que o dinheiro era pouco, eu havia bebido o suficiente. Vou falar com você.
Levantei e te chamei para me acompanhar para fora do bar enquanto eu fumo um cigarro. Eu fumo agora, sabia? Senti vontade de rir, pelos maços meus que você jogou fora. Você educadamente aceita, sem olhar para as amigas, nem perceber o olhar de desaprovação se levanta, ignorando minha mão que estendi para te ajudar. Você sempre foi muito auto-suficiente e eu tenho alguns problemas com isso. Me arrependi e você foi na frente. Lá fora puxou o papo, você sempre foi boa nisso. Brigou comigo pelo cigarro, disse que eu vou sumir se continuar emagrecendo e olhava nos meus olhos com uma profundidade que me deixou sem graça. O cigarro acabou. Você disse que precisa ir ao banheiro e ri, culpando a cerveja. Mas espera, você estava tomando caipirinha. Eu não digo nada e aviso que estarei te esperando voltar. Percebi que não existia urina nenhuma, mas você não pode perder a razão, então entrou e voltou alguns minutos depois. Mais tarde fui saber que você realmente foi ao banheiro, o que significa que não ouviu aquela sua amiga invejosa dizer pra você não dar mole porque eu sempre fui um cafajeste.
Mas eu fui um cafajeste? Eu não acho que tive tempo pra isso.
Você voltou. Tinha limpado o borrado do lápis preto no olho e direto ao ponto perguntou o que eu queria. Não foi agressiva, mas eu sabia, então, que já havíamos passado da etapa das formalidades. Os músculos não estão tão contraídos como quando eu te vi no início da noite. Estamos mais relaxados e eu não quis ir na ferida de uma vez. Pô, eu sinto a sua falta.
E você faltou avisar à presidência da república que eu estava passando vergonha com a risada que você deu. Me perguntei que porra eu fiz pra você e permaneci com cara de quem está falando sério, porque é verdade. Eu sinto sua falta. Você não respondeu um automático eu também, mas não foi gentil o suficiente de ser sutil na resposta. Você optou por ser convencida, usando sua famosa frase que "causa isso nas pessoas". Eu agradeci mentalmente por não ter sido deselegante. E eu me perguntei porque porra eu fiquei tanto tempo sem você. Fiz uma promessa que eu sabia que não cumpriria, eu queria te ver mais vezes. Eu nunca consigo te ver mais vezes, porque cada vez que ficamos juntos é uma descarga muito grande de informações para um corpo só.
Nós temos um lance, um caso, um rolo, um romance, um laço, um caroço, um espinho, o caralho a quatro, não sei, algo importante. Importante o suficiente pra não me deixar ficar porque morro de medo de que ficando, eu posso estar indo. Uma relação do tipo cem porcento reciclável. Porque a gente sempre dá um fim nela, mas sempre dá um jeito de voltar novinho em folha, em prantos, em chocolates, em letras, em músicas, em filmes, em contos, enfim, novinho. Você está há tanto tempo aqui, mas é tão jovem e recente te encontrar na mesa de um bar em uma cidade que nenhum dos dois vivemos.
Se alguém me pergunta o que você é, eu generalizo. "Uma garota que levei pra casa algumas noites na época do colégio", como se você fosse um mísero troféu de lata e não o verdadeiro troféu de diamantes que eu carregava nos mil boletos de táxi que a empresa pagava depois e que eu nunca consegui abrir o zíper da calça. Acho até que hoje se alguém te pergunta você é genérica também: "Um garoto que dei uns beijos." E fica por ali, sem ser gritado aos quatro ventos que ficávamos até o amanhecer pra se entender. E que você só me beijava depois do café da manhã. Ninguém fica sabendo quantas vezes eu gastei vinte reais da minha casa pra sua, às quatro da manhã porque você, em um impulso quase involuntário me disse que sentia minha falta. Ninguém vai saber que eu dispensei quatro ou cinco fodas pra ficar deitado na sua cama discursando sobre o que eu achei do que você escreveu no fotolog. Ninguém vai saber que eu tinha uma namorada, mas você pediu pro seu vizinho me buscar às três da manhã pra ver um Eclipse e que depois nós assistimos uma temporada inteira de Two and a Half Man. Nem que você dormiu na minha casa uma vez, mas foi trancada no quarto enquanto eu lavava a cozinha. Não, ninguém vai saber. Nem vão desconfiar que uma vez eu briguei com você porque sentia ciúme. Nem que eu chorei no escuro quando você disse que não acreditava em mim depois de eu ter dito que te amava. E que a gente nunca usava o "te", era sempre eu-amo-você, que era pra ter certeza que o você, era você mesma. Ninguém vai fofocar sobre os textos que você escreveu no seu blog e que só eu lia. Nem desconfiar dos motivos pelos quais eu te dei meu celular e comprei outro, quando você foi assaltada. Muito menos entender porque você me procurou depois de séculos na primeira briga que teve com o seu único namorado depois de mim. Ninguém vai reproduzir com riqueza de detalhes as frases que eu dizia quando você me pedia pra sumir do planeta. Ninguém nunca vai ler as mensagens de texto que eu mandei escrito apenas três palavras: "Estou aqui embaixo". Nem que eu subornava o seu porteiro, pra me deixar entrar sem anúncio. Quem vai duvidar que eu te amo, depois que ler o texto complexo que eu escrevi no dia do seu aniversário dois anos atrás? Ninguém vai saber que eu nunca te disse "feliz aniversário" e que você também tradicionalizou a regra. Nem que eu te implorei um beijo quando fiz 17 anos, mas você negou até o fim e foi embora antes do Sol chegar.
Ninguém vai saber nada disso se eu não te assumir pro mundo. Se eu não pegar na tua mão e disser que você é ela. Ela, aquela, a bendita.
Era sábado e estávamos na porta de um bar, você usava uma roupa justa que me desconcentrava um pouco e eu ia deixar pra almoçar com você no domingo, faltavam poucas horas. Eu pedi o seu número e você me fuzilou enquanto dizia que ele é o mesmo há todos esses quatro anos, mas falou número pós número de bom grado. Eu havia bebido um pouco mais do que de costume e achei que não era hora pra discutir. Mas você me conhece melhor do que eu e sabia que eu não ia te procurar nos próximos cem meses. E agora a gente discute o relacionamento que nunca tivemos coragem de ter. Eu assumi o medo. Você é complicada pra caralho. E eu acho que nunca vai dar certo porque eu sou orgulhoso, mas você me desarma tanto quando esfrega na minha cara que eu não tenho coragem de acompanhar uma garota tão pontuada. Diz que eu sou bacana, mas faço questão de parecer babaca na frente dos outros. Me lembra que eu tenho um coração. Eu achei por um segundo que eu fosse chorar. Tentei te levar pra outro lugar e você quase me agrediu achando que eu queria sexo, mas eu queria colo. Eu queria deitar pela centésima vez no seu sofá e passar mais de duas horas falando enquanto você ri e diz que eu sou um otário, mesmo quando a história é séria. Mas nos fim das contas você me abraça e não diz nada e é desse silêncio que eu preciso.
Eu só estou escrevendo pra dizer que minha mãe me perguntou como você consegue ser tão pequena e infinita ao mesmo tempo. E que eu consegui fechar aquele jogo no Play 3. E que estou deixando o cabelo crescer. E a barba também. E, por último, mas não menos importante, que você é especial. E que os sábados ficam muito tristes sem você.